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Biofeedback: entenda exame que Anitta fez no ‘tororó’

O biofeedback capta sinais elétricos do músculo e ajuda o paciente a controlar sua musculatura; entenda

Publicado em 18/08/2022 22:52
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Quem assistiu aos stories da cantora Anitta na última segunda-feira (15) se divertiu com os vídeos. É que ela estava fazendo um tratamento com o biofeedback, um equipamento que capta os sinais elétricos de um músculo, transforma-os em sinais visuais (gráficos), audível (música ou vídeo), luminosos e até gamificação, e os transmite em tempo real ao paciente por meio da tela do computador e/ou televisão, dando informações sobre o músculo trabalhado.

Ele serve para reeducar a musculatura do assoalho pélvico e abdominal, e dar ao paciente a possibilidade de dominar e de controlar a sua musculatura, seja na contração, sustentação e relaxamento. Também tem uma função avaliativa.

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A técnica é indicada para quem tem endometriose ou em uma pós-laparoscopia – cirurgia minimamente invasiva que remove os focos da doença, como é o caso da cantora. E serve para outras condições, como vaginismo, dores na relação sexual e bexiga hiperativa. Tanto que pode ser utilizado em crianças, adultos e idosos. 

“Mulheres com endometriose podem não relaxar o assoalho pélvico e a região anal, tornando essas regiões mais rígidas. Com isso, o biofeedback é aconselhado. Em algumas sessões a paciente aprende quando o músculo está ou não relaxado, dessa forma consegue ter mais controle na musculatura, e ainda minimizar as dores”, explica o ginecologista Mauricio Abrão, professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP. 

Reprodução Internet

O número de sessões depende do objetivo. “Pode ser feito um único biofeedback de forma avaliativa, ou como tratamento, mas depende da disfunção do paciente. Associamos ainda a outras técnicas da fisioterapia pélvica. Com o biofeedback o paciente tem condições de controlar e entender o funcionamento da musculatura para que atinja o objetivo desejado. Ele também pode ser utilizado uma vez por mês, para acompanhar a evolução do paciente durante o tratamento”, diz Mirca Ocanhas, fisioterapeuta, especialista em saúde da mulher, mestre em Ciências da Saúde (Unifesp) e sexóloga (USP/Prosex).

São diversas as formas para captar o sinal elétrico e tudo depende da necessidade e das condições do paciente. “São três tipos de eletrodos (sensores): via pele, chamado de  transcutâneo, quando são colocados no períneo (espaço entre e vagina e o ânus), utilizado mais em crianças, mulheres no pós-operatório em quadro de dor e idosos; o eletrodo vaginal, que é colocado no canal vaginal; e o eletrodo anal, que é colocado dentro do canal anal”, conta a especialista.  

Em julho de 2022

Anitta passou por uma laparoscopia para remover os focos da endometriose, doença que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge 7 milhões de brasileiras. Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2021, cerca de 26.500 mulheres foram diagnosticadas e oito mil precisaram de intervenção cirúrgica. 

Vale lembrar que a cantora postou nas redes sociais que levou nove anos para descobrir a doença. “Realmente a detecção é demorada, leva entre sete a 12 anos”, argumenta o médico, que é Coordenador do Setor de Ginecologia Avançada da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. 

Por isso, as mulheres precisam ficar atentas aos sintomas, os seis Ds, que são dores pélvicas incapacitantes; dispareunia, que é a dor durante ou após a penetração; dismenorreia, que são as cólicas menstruais; a dificuldade para engravidar; a disquezia, dor ao evacuar; e a disúria, dor ao urinar durante o período menstrual. 

“A endometriose não tem cura, mas tem controle quando bem administrada, ou seja, com acompanhamento médico periódico e outros cuidados, como tratamentos pélvicos, medicações, alimentação anti-inflamatória e a prática da atividade física”, conclui o especialista, que é presidente da Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica.

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