Famosos e instituições sob suspeita de doações ao Rio Grande do Sul

A denúncia exclusiva apresentada pela coluna Erlan Bastos, nesse domingo (19), envolvendo doações suspeitas para vítimas das enchentes no estado do Rio Grande do Sul, foi feita em forma de uma reportagem especial e você pode acompanhar no canal oficial do EM OFF no Youtube. Logo abaixo, ou clicando aqui. 

A catástrofe climática que assola o estado do Rio Grande do Sul é sem dúvida uma das maiores tragédias que o nosso país já enfrentou em toda a sua história. Ao todo, passam de 155 mortos e mais de meio milhão de moradores desalojados que, após perderam tudo, estão vivendo em abrigos ou na casa de parentes. Autoridades estimam que as enchentes sem precedentes atingiram, de alguma forma, mais de dois milhões de moradores do estado gaúcho. 

No meio de tanto caos, uma onda de solidariedade tomou conta do país e diversas campanhas com arrecadações milionárias surgiram nas redes sociais com o objetivo de atender à essas vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Mas será que esse dinheiro está de fato chegando há quem realmente precisa? Está coluna fez um levantamento que mostra que, em pelo menos uma dessas “vaquinhas” de arrecadação, falta transparência sobre o destino dessas doações. 

Uma das maiores campanhas de arrecadação para o estado do Rio Grande do Sul na web foi batizada de “A Maior Campanha Solidária do RS” e já chegou aos números impressionantes de mais de R$ 74 milhões em doações recebidas. Encabeçada por alguns influenciadores, dentre eles o ex-BBB24, Matteus Alegrete, a “vaquinha” teve sua primeira prestação de contas divulgada na semana passada. 

Por meio de uma planilha, foram expostos valores que foram retirados do montante de R$ 74 milhões e doados para algumas ONGs. No entanto, a falta de detalhamento sobre o que foi feito exatamente com o dinheiro acabou chamando atenção. Cabe ressaltar que a planilha de prestação de contas também não apresentou, até o presente momento, nenhuma nota fiscal ou comprovante de transferência. Eram destacados somente os valores doados, as instituições beneficiadas e o objetivo para aquela determinada doação. 

Algumas doações apresentadas na planilha chamaram atenção da coluna Erlan Bastos. Por exemplo, o Instituto Cultural Floresta recebeu duas doações de 2,5 milhões em um espaço de tempo de 48 horas. Os 5 milhões de reais doados pela “Maior Campanha Solidária do RS” ao instituto que se apresenta como uma instituição sem fins lucrativos, não tiveram um objetivo claro exposto na planilha de prestação de contas. 

Investigando um pouco mais a fundo, foi possível descobrir que o Instituto Cultural Floresta é comandado por dois empresários milionários. No site oficial da empresa, aparece como presidente do instituto o empresário Leonardo Fracão. Já o presidente do conselho é Cláudio Goldztein. Os dois empresários também são sócios de diversas empresas que possuem um capital social milionário. 

Como apurado com exclusividade pela coluna Erlan Bastos, Goldztein é sócio de pelo menos 10 empresas. A maior dela é a Goldztein Administração Patrimonial LTDA, que possui como capital social o valor de R$ 31 milhões. Se calcularmos o capital social de todas as 10 empresas que Claudio é sócio, chegamos ao valor maior a R$ 49 milhões. 

Já o empresário Leonardo Fração é sócio de pelo menos seis empresas. A maior delas o Centro Médico Vida Saúde, que possui um capital social superior a R$ 15 milhões. Calculado, o capital social das empresas em que Fração é sócio chegamos no valor de capital social de mais de R$ 19 milhões. 

Sendo assim, se nós somarmos o capital social de todas as empresas que os fundadores do Instituto Cultural Floresta possuem, chegamos ao montante impressionante de mais de R$ 68 milhões. Com sócios milionários, a instituição, até o presente momento, foi a que mais recebeu valores doados pela vaquinha destina as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. 

Na justificativa para as doações de mais de R$ 5 milhões foi colocado somente o perfil do Instituto Cultural Floresta no Instagram. Nossa reportagem entrou em contato com a instituição, solicitando maiores informações sobre o que foi feito com os valores recebidos da “Maior Campanha Solidária do RS”, mas até o fechamento dessa reportagem não obtivemos retorno. 

Também chamou atenção a falta de um maior detalhamento do valor doado a instituição com sede em Curitiba, “Instituto Playing for Change”. Que recebeu da vaquinha o valor de R$ 1,5 milhões. Em seu site, a empresa sem fins lucrativos tem o objetivo de transformar a vida de crianças através da música e da arte. De acordo com a planilha, após as enchentes, a instituição passou até mesmo a auxiliar no envio de avião com donativos as vítimas da catástrofe climática no Rio Grande do Sul. 

Mas a planilha de prestação de contas não detalhou com exatidão de que forma a instituição está usando este valor doado. Também entramos em contato com o instituto, mas até o fechamento dessa reportagem não obtivemos resposta. 

O campeão do BBB24, Davi Brito, que vivenciou algumas polêmicas após o fim do reality de confinamento da TV Globo, voltou a se tornar assunto quando anunciou sua ida até o Rio Grande do Sul para trabalhar como voluntário no socorro às vítimas. Em suas redes sociais, o ex-motorista de aplicativos convocou seus seguidores a doarem dinheiro para seu próprio PIX, o que acabou levantando suspeitas e dividindo opiniões. 

Após as críticas, o baiano foi até as suas redes sociais fazer uma “prestação de contas”, mas o assunto seguiu em debate, já que, faltava exatidão sobre o que foi feito de fato com o valor pedido pelo ex-brother. Davi Brito também foi acusado de tentar ganhar engajamento através da tragédia sem precedentes no Rio Grande do Sul.

Internautas que sustentaram essa tese, apostaram que o soteropolitano foi até o Rio Grande do Sul como uma tentativa de tentar reverter um possível cancelamento após suas polêmicas e a perda de milhares de seguidores em suas redes sociais. Em sua defesa, o campeão do BBB24 falou sobre ser vítima de racismo. 

Felipe Neto foi outro influenciador que acabou recebendo críticas pela falta de mais detalhes em sua prestação de contas. Por meio de uma arte simples, o empresário não apresentou nenhuma nota fiscal ou comprovante de pagamento, somente uma lista onde constava quanto, e para onde o valor arrecadado foi destinado. 

É importante ressaltar aqui, que no meio de uma tragédia como essa nunca antes vista na história do Rio Grande do Sul, toda e qualquer ajuda é bem-vinda. Mas uma prestação de contas com mais exatidão, pode e deve servir como forma de respeito e cuidado à uma população que está sofrendo tanto após perder tudo. 

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