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Alô Rick Bonadio? Lagum traz antídoto contra “rabas” do POP tupiniquim

Lagum lança terceiro álbum de carreira. Com vocês, 'MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)’

Publicado em 10/12/2021 12:10
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Quem te ensinou a sonhar? Provocam os rebeldes mineiros do Lagum no rock de abertura do novo álbum Memórias. “A vida é boa pacarai”, disparam entusiasmados logo de sopetão no limiar da música inicial. Num evento de audição do projeto, o frontman do grupo brinca que eles gostariam de ser o Charlie Brown Jr. “Ou os Mamonas”, brada alguém na primeira fila da plateia parecendo conquistar a simpatia dos músicos. Toda nostalgia ou romantismo sobre quão bom é viver, logo escorre pelo ralo quando nos refrães da primeira faixa do projeto “Ninguém Me Ensinou”, Pedro Calais e sua trupe indicam que não teriam aprendido a realmente se encantar pelo mundo através dos olhos doutra pessoa. Alguns versos depois, a faixa passa a se preocupar, com uma questão que vem acompanhando o rock há pelo menos 4 décadas: garotos não choram? E é assim, alternando entre apelos ultrarromânticos como os da pegajosa faixa de nome batidíssimo “Eu Te Amo” e tons raros mais descontentes como em “Não Vou Falar de Amor”, que o disco vai se desdobrando. O overthinking, questão destes tais millenials e seu “divã das redes sociais” é ventilada na cirúrgica e desiludida “Eu e Minhas Paranoias” séria candidata à mais caprichada faixa do projeto (e eu juro que as fontes não são as “vozes da minha cabeça”). E o que falar dos rebeldes palavrões porra? Esta libertadora questão que se faz tão urgente em rodinhas de bar, aqui ela ocupa um espaço raramente visto ou ouvido no pop tupiniquim recente. Quer algo mais rock’n roll do que ter Mart’nália cantando sobre outra mulher que é uma ‘gostosa da porra’? Já o hip-hop, taxado pelos branquinhos da Rolling Stone, como o novo rock por suas letras de protesto, marca presença no tranquilinho “Descobridor” feat do Lagum com ninguém menos que Emicida. Para os detratores dos BPMs escandalosamente sexuais do funk carioca ou para os amantes desta arte antiquíssima chamada rock’n roll, o novo álbum do Lagum pode soar como um respiro daqueles. O projeto todo é um caldeirão de guitarras, baterias cirúrgicas e melodias contagiantes com as assinaturas de grife de Paul Ralphes, Los Brasileiros, Head Media e Dudu Marote. Uma discussão que transcorreu na Rio Music Market desta semana foi quando durante um debate entre um jornalista da Istoé e o editor de um dos principais sites de música do mercado, foi questionado quantos releases hoje circulam no mercado com o termo “raba”. Sim, justamente nossa brazilian butt, nossa commodity que vem conquistando nomes como Max Martin e Ryan Tedder. Seria este o maior problema do pop tupiniquim? O maior nome do mercado no ano, Luisa Sonza (que teria trocado 22 beijinhos adocicados com Pedro Calais), passou parte de 2021 tendo que argumentar contra o círculo vicioso (ou virtuoso) de tantas “sentas” e “rabas” das suas músicas. Ainda no debate do evento sobre negócios da música, o jornalista da Istoé declarou acintosamente (ou não) que seria muito difícil cobrir música atual justamente pela baixa qualidade das músicas apresentadas. Algo me diz, que o polêmico Rick Bonadio, ouviria de cabo a rabo o novo disco do Lagum durante uma viagem de carro por três ou quatro horas. Só não sei ao certo ainda para qual destino seria tal viagem…

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