SEGUE O FIO!

Entrevista: Nath Rodrigues abre o coração sobre Fio, seu novo disco

Cantora de Minas Gerais explica o que a ajudou a dar vida ao seu segundo álbum, que resistiu ao período mais caótico da pandemia

Publicado em 09/06/2022 11:00
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Quando alguém resolve usar um canal de comunicação mais objetivo, como o Twitter, para discorrer sobre assuntos que requerem uma riqueza maior de detalhes, é comum dar vida a um recurso chamado Thread – Em português, ‘Fio’. Um ‘Fio’ nada mais é do que vários tweets ligados uns aos outros, contando uma história completa, do início ao fim, já que há limite de caracteres por tweet na rede social que Elon Musk fingiu que ia comprar.

Para entender o assunto de um Fio, é preciso mergulhar sobre ele, e ler, ao menos, boa parte daquele relato. Isso quando a resolução do problema, a moral da história, não está no final. Aí, é preciso ‘seguir o fio’ de ponta a ponta. Tentar entender um tweet pertencente a um fio de maneira separada, fora de seu contexto, é uma tarefa mais difícil. Assim são as músicas e os discos.

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Um disco que nasceu para ter um sentido, costuma contar alguma história com início, meio, fim, ou qualquer coisa. E foi isso que a mineira Nath Rodrigues fez em seu novo trabalho, intitulado Fio. Para entender, além de ouvirmos, conversamos com ela.

Nath Rodrigues e o seu ‘Fio’

Nath é uma cantora de Minas Gerais e esse é seu segundo disco. O primeiro, chamado Fractal, foi lançado em 2019. De lá para cá, o Fio foi sendo construído com base nas andanças musicais da artista e na correria para se reinventar em meio ao período mais caótico da pandemia. A soma dessas situações originou 9 faixas muito características, mas que não deixam de ter unidade.

“O Fio nasceu naquele momento de auge da pandemia, estavam bem restritos os encontros. Tive que repensar minha profissão, que depende diretamente dos encontros para acontecer”, começou Nath.

Foi quando, em parceria com CIDO, produtor musical e grande parceiro artístico de Nath, o disco começou a ganhar vida, ainda de maneira remota. Ele gravava de lá, mandava para a cantora, que completava de cá, e o Fio foi se desenrolando. “Ali, o conceito já tinha sido colocado por essa condição, de como a música é um elo entre as pessoas. O que liga a gente? O que conecta a gente?”, pontuou a artista.

Nath Rodrigues (Studio Tertulia)

Um disco cheio de camadas, mas uniforme

Nath, além de cantora e compositora, é musicista e se notabilizou acompanhando outros artistas tocando violino. Muito ligada à música brasileira em sua essência, essa mistura do erudito com o popular resultou em uma musicalidade ampla, que é, obviamente, demonstrada em seu disco, que te leva para vários caminhos: beats eletrônicos, jazz, Xote, R&B e outras possibilidades, como cantar em três idiomas: português, espanhol e francês.

“Era muito diferente, o que eu consumia na formação como violinista e o que eu ouvia em casa. Eu cresci ouvindo pagode, samba-enredo, axé, minha mãe ouvia rádio. Coisas que a população brasileira, em geral consome”, disse a cantora, que também foi influenciada pela música mineira local, citando Clube da Esquina e Milton Nascimento. “Tudo isso foi importante para formar o caldeirão de referências que eu tenho, hoje”, explicou a artista.

A música também levou Nath a vários lugares do mundo, o que explica seu apreço por outros idiomas e o encaixe dessas canções no repertório do disco. Uma em francês, chamada Jean qui rit, Jean qui pleure, e uma releitura da música El Pescador, popularizada na Colômbia, país onde Nath viveu por dois anos, pela voz de Totó La Momposina. “Eu trouxe para a música que eu fiz experiências reais que tive”, explicou Nath.

A canção em francês pertence a Riff Cohen, uma artista de Israel que canta em hebraico, francês e árabe. “Ela traz esse lugar de falar da cultura dela inserida em um contexto europeu, ocidental. E esse deslocamento cultural que ela traz, também tem muito a ver comigo. As histórias não são as mesmas, mas há muitos fios que as conectam”, pontuou a artista, que definiu seu disco como ‘implicitamente político: “a arte não tem que ser panfletária para ser política. O Fio é um disco político, eu estou falando sobre fronteiras invisíveis, a relação entre as pessoas, o cotidiano e a necessidade de falar sobre a beleza”, refletiu.

A tracklist de Fio é formada pelas faixas:

1 – Intro

2 – Por Tudo e Todo o Indizível

3 – Verso de Céu

4 – El Pescador

5 – Água Boa

6 – Jean qui rit, Jean qui pleure

7 – Conto (feat. Luedji Luna)

8 – d’Ajuda

9 – Outro

Entre as músicas que compõem o disco, destacamos o single Verso de Céu, que foi lançado com um clipe pouco antes do disco, há pouco mais de dois meses. Além dessa, a própria Nath citou a faixa Conto, que conta com uma participação e tanto de Luedji Luna.

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