MISSÃO INGLÓRIA

Sobre Alcymar Monteiro e os desafios dos músicos de apoio

Bronca do cantor na banda em cima do palco escancara universo cruel dos músicos de apoio; Alcymar se desculpa nas redes sociais e justifica estresse

Publicado em 10/08/2022 23:07
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Na última terça-feira (09/08), um vídeo de um cantor dando uma bronca colossal em seus músicos viralizou nas redes sociais. O cantor é Alcymar Monteiro, artista cearense conhecido como “O Rei do Forró”.

Pois bem, o “Rei do Forró” estava se apresentando na festa de João Pedro, em Santa Terezinha, no Sertão de Pernambuco. A apresentação aconteceu no sábado (06/08). Em dado momento, Alcymar, sem muitas explicações, virou para trás e disse aos seus músicos de apoio:

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“Aqui quem tem que aparecer sou eu, sou eu quem tem que aparecer. 36 anos de luta. Eu dou essas broncas, porque se não a coisa vira bagunça. […] O artista sou eu ou não sou? Quem quiser fazer concerto, faça em outro canto”. Confira:

O constrangimento foi evidente e as imagens rodaram a internet. Como reação ao episódio, três músicos da banda Forroteira, grupo que acompanha Alcymar pediram demissão. “Saímos com a consciência limpa, de cabeça erguida, fortes como sempre, para seguirmos nossos rumos, em busca de nossos sonhos”, disse Sandro Trombomba, um dos membros da banda, nas redes sociais.

Quem também usou as redes sociais foi o próprio Alcymar. Em seu instagram, ele reforçou que o comportamento apresentado não faz parte de sua índole, e se desculpou pela atitude.

“A nossa banda é maravilhosa. Tem músico que toca comigo há mais de 30 anos. Peço desculpas, não faz parte do ‘meu eu’, da minha personalidade. É muito estresse, muito show, assédio, chega uma hora que a gente fica exausto”, justificou Alcymar.

Quem é Alcymar Monteiro

Alcymar Monteiro não mentiu quando disse que tem 36 anos de estrada. Nascido em Aurora, no Ceará, é um cantor que passeia por diversos gêneros do forró, brega, samba, maracatu e muitos outros.

O cantor é dono de uma discografia gigantesca, tendo gravado mais de 60 discos. Ele também foi indicado ao Grammy Latino em 2007, na categoria Forró Brasileño. Entre seus grandes sucessos, estão as músicas Pirilampos, Lindo Lago do Amor e Rosa dos Ventos.

A saga dos músicos de apoio e uma pequena indicação

Quando você vai prestigiar um artista em algum show, percebe que há toda uma banda por trás, fazendo todo o espetáculo acontecer. Apesar dos cachês astronômicos dos principais nomes da música, os ganhos de um músico profissional não costuma ser alto.

Um músico de apoio costuma ganhar entre 3 e 4 mil reais, em média. A maior parte dos salários são compostos por cachês que são pagos a cada show. Em reportagem de junho deste ano, o site Tenho Mais Discos que Amigos trouxe relatos de músicos que tocavam nas bandas de Wesley Safadão e Gusttavo Lima, donos de cachês astronômicos.

Os músicos contaram ao portal que ganhavam pouco. Safadão, que tem cachê médio de meio milhão, pagava, em média, 4 mil reais por mês, enquanto Gusttavo, pagava 600 reais a cada show, mesmo ganhando nas mesmas cifras que o colega Wesley.

O produtor musical Clemente Nascimento, host do podcast Papo com Clê, comentou sobre o assunto em um outro podcast, o DDD21. Segundo Clê, os músicos que melhor recebem no Brasil são os que tocam com Marisa Monte.

De acordo com Clemente, quem toca com Marisa ganha, em média, 4 mil por show. O próprio citou que isso é considerado raríssimo no cenário nacional.

Outro ponto que torna o mercado dos músicos de apoio cruel é a concorrência e o modus operandi da engrenagem. Centenas de bons músicos, tocando em seu auge técnico, disputando poucos empregos que pagam salários medíocres. Existe algo em comum entre os músicos de Gusttavo Lima e quem toca com o Alice Cooper.

Um documentário de 2016 conta um pouco sobre esse universo. Intitulado Hired Gun, o filme acompanha a saga de alguns dos melhores músicos de apoio, que tocaram e tocam com nomes da música norte-americana, como Alice Cooper, Rob Zombie, Kiss, Pink e muitos outros, e tentam se estabelecer e sustentar. A direção é de Fran Strine. Vale o confere e a reflexão.

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