Alhocca apresenta videoclipe cinematográfico e distópico de sua música ‘Sem Tempo Para Brincar’

Vídeo traz olhar social para faixa indie, MPB e pop

Publicado em 17/06/2023 13:07
Publicidade

Alhocca busca a cura através da expressão artística em sua poética obra intitulada “Sem Tempo Para Brincar”. Essa composição é uma poderosa forma de questionar os padrões sociais, ganhando ainda mais impacto através de seu vídeo, um registro urgente e grandioso que retrata uma sociedade distópica e opressora. Nesse contexto, a solidariedade e a sororidade emergem como meios essenciais para superar as adversidades e dores.

Nascida em Brasília, mas com raízes nordestinas, Alhocca é uma artista multifacetada, atuando como cantora, compositora, dançarina e modelo. Recentemente, ela iniciou uma nova fase em sua carreira com lançamentos como “Ela Humilha”, “Baile” e “Dancei na Lua”, que promovem a liberdade e o empoderamento. Com produção musical de RoggerMX e direção do próprio Alhocca em colaboração com Lennon Rabi, o single “Sem Tempo Para Brincar” está disponível em todas as plataformas de streaming, além do canal do YouTube da artista.

Publicidade

Carregando...

Não foi possível carregar anúncio

Você pode compartilhar conosco qual é o objetivo principal por trás da música “Sem Tempo Para Brincar”? O que você espera transmitir aos ouvintes com essa faixa?

Foi necessário buscar minha força interior, mergulhar fundo nos meus problemas e me compreender como alguém capaz de superar tudo que enfrentei. A partir dessa jornada, decidi que quero viver em uma sociedade com pessoas fortes, determinadas e autênticas. Sou totalmente contra exclusão, preconceito e violência. Nesta música, a violência é retratada como uma consequência de uma sociedade que fortalece os fracos de espírito e mente, que não nos dão outra alternativa a não ser se envolver e lutar. Ser mulher negra no Brasil significa ter que ser duas vezes mais forte e resistente. O que enfrentamos diariamente é inaceitável e passível de condenação penal mas, é encoberto por um véu de racismo estrutural presente na sociedade. Por isso, “Sem tempo para brincar” é essencialmente sobre a força necessária para superar e seguir em frente, não apenas por mim, mas também por aqueles que ainda não chegaram a este mundo. Meus ancestrais me deram uma missão e eu estou determinada a cumpri-la. Eu sei que juntos podemos trilhar uma jornada de transformação, fortalecer uns aos outros e construir um futuro mais justo e igualitário. O lema é unir pra fortificar.

No vídeo da música, você retrata uma sociedade distópica e opressora, destacando a importância da solidariedade e da sororidade para superar as dores. Como surgiu a ideia desse enredo e qual mensagem você pretende transmitir aos espectadores?

Quando concebi o enredo, minha intenção era transmitir a mensagem nítida e poderosa de que a diversidade deve ser respeitada. Eu queria que as pessoas compreendessem que tratar a vida como um jogo é perigoso, pois nos colocaria constantemente nas miras dos maiores opressores, e nossas vidas são curtas em relação ao universo. Afinal de contas, o sol brilha há quantos bilhões de anos? Nosso tempo é escasso e valioso. Coloco o foco nas mulheres, por que minha intenção era mostrar a elas que podemos nos defender, escolher nosso próprio caminho e que somos dotadas de um poder incrível. O que muda é o poder que possuímos ao defender o que realmente importa. Quando imaginei o clipe, me lembrei que sempre me senti incomodada com a realidade de que a maioria dos homens sabem como ou já puderam manipular armas de fogo, enquanto eu não tinha ideia de por onde começar. Isso despertou em mim um desejo ardente de aprender a lidar com uma arma. Acredito que esse desejo tenha surgido de uma necessidade interna de alcançar uma paridade de habilidades e me sentir verdadeiramente empoderada.

A dualidade entre tristeza e alegria é um tema presente na música brasileira, e você a aborda em “Sem Tempo Para Brincar”. Como você incorpora essa dualidade em sua música, com um olhar pop e lo-fi, e como ela reflete a realidade das periferias?

Sinto-me verdadeiramente com sorte por ter nascido no Brasil quando se trata de arte. Estar imersa nos talentos dos melhores compositores, dos ritmos mais dançantes e nas melodias mais belas do planeta é um presente pelo qual sou imensamente grata. Nesta música, meu objetivo era transmitir a ideia de relatar algo que não deveria estar acontecendo, assim como o Realidade Cruel faz em sua faixa “O Resgate”, e trazer a melancolia presente no refrão, como Baden Powel e Vinícius de Moraes expressam em “O Canto de Ossanhá”. Amo música pop e transformá-la é minha paixão. Sinto que estou fazendo parte de algo maior do que eu mesma. O lo-fi faz parte da minha geração, integrada à tecnologia, estou constantemente exposta aos streamings, e as rádios lo-fi se tornaram meu refúgio para estudar, para deixar tocar na TV ou até mesmo para treinar e meditar. No entanto, essa é apenas a minha experiência pessoal. Trazer a periferia para a música é como dar um grito sufocado, é quando percebemos as regras do jogo, os valores do dinheiro e de uma vida marginalizada, e isso perturba nossa paz. Aqueles que vivem na periferia são obrigados a servir seus opressores e são condicionados a passividade para não perderem seus salários em jornadas exaustivas de trabalho. São obrigados a participar de acordos com os quais não concordam. São rotulados como “perigosos”, quando na verdade estamos sendo envenenados com produtos que nos viciam e nos mantém refém de uma economia que mata. Ao mesmo tempo, encontramos tempo para sorrir, estar com quem amamos e com os amigos, apesar da tensão constante, porque o tempo não para e os valores da vida tendem a diminuir.

Alhocca (Foto: divulgação)

Como uma artista versátil, envolvendo-se na música, composição, dança e modelo, como você equilibra essas diferentes expressões artísticas e como cada uma delas contribui para a sua mensagem e identidade artística?

Na verdade, essa é a parte fácil! Tudo se resume à comunicação, expressão corporal, expressão facial e uma boa oratória. Sabe, eu amo ler. Já devorei tantos livros que me fizeram sonhar acordada com mundos que só existiam na cabeça dos autores e, logo em seguida, na minha. Daí, a escrita se torna mais fluida, porque inconscientemente me conectei com as palavras e com as histórias que outras pessoas me contaram. Escrever música é algo mágico. É sentir uma melodia vinda do além e permitir que as palavras se encaixem aos poucos. A dança, ah, a dança me trouxe ritmo, respiração, concentração e a coragem de lidar com os erros. Quem dança sabe que é mais provável estarmos errando do que acertando mas, isso não nos impede de continuar. E como modelo, entendi que sou uma referência. Entendi que há momentos em que brilhamos e momentos em que expomos as ideias de outras pessoas para que elas brilhem. Afinal, desfilar com roupas que são verdadeiras obras de arte é uma emoção imensa. Então, para equilibrar tudo isso, permiti-me ser guiada por todas essas habilidades e entender qual é o momento e a expressão certa. No fim das contas, é uma mistura de diversão, criatividade e confiança. E eu estou pronta para arrasar!

Suas raízes nordestinas têm influência em sua música e na forma como você se expressa artisticamente. Você poderia compartilhar como essas raízes se manifestam em suas criações e como elas contribuem para a sua identidade como artista?

Meu primeiro contato com a dança foi em casa mesmo, nos churrascos de domingo, ao som de muito forró e com muito mocotó e buchada. Minha mãe é uma comunicadora nata, alguém que facilmente poderia se tornar presidenta do que quisesse. Ela tem essa habilidade única de se conectar com diversas pessoas. Me inspiro muito nela, tanto na forma como fala quanto em seu comportamento. Minha mãe é nordestina, com sangue nos olhos, e aprendi muito observando-a. No núcleo da minha família, somos mulheres, mães e irmãs, e somos fonte de inspiração umas para as outras. Expressar isso em minhas músicas é uma forma de demonstrar minha gratidão por tê-las em minha vida. Por isso, me refiro sempre a mulheres como belas, poderosas e únicas em suas formas de ser e estar no mundo. Quando uso palavras “erradas” nas letras, faço isso de propósito. Existem tantos dialetos e eu tenho o meu, que vem do Piauí. Tenho canções que ainda não foram gravadas, mas que são forrós pé-de-serra e repentes. Amo minhas origens, pois são elas que me moldam em quem sou. Sou alguém que não abaixa a cabeça e luta pelo que acredita. Vejo um futuro glorioso para aqueles que têm a disposição de fazer história. Estou determinada a deixar minha marca e espalhar inspiração por onde quer que eu vá.

Você mencionou que a música “Sem Tempo Para Brincar” foi inspirada pela perda de seu melhor amigo. Como a música e a expressão artística ajudaram você a lidar com essa experiência emocionalmente desafiadora?

Pensar no Walisson, meu amigo, ainda me traz um misto de emoções, é difícil lidar com a saudade. Ele era tão jovem e brilhante, uma verdadeira alma cremosa rs. Ele me conectou ao mundo LGBTQIA+ e, mais importante, a mim mesma. Sempre foi sincero, mesmo quando jogava na minha cara que eu precisava parar de ser uma safada e cuidar da minha vida ou arranjar um emprego. E em um daqueles dias difíceis, em que a disposição estava um pouquinho maior, decidi que era hora de expressar tudo o que estava dentro de mim. Me isolei e comecei a escrever sobre tudo que sentia. Quando canto que “pensou no meu nome, um som vai tocar”, estou trazendo a ideia de que até hoje consigo ouvir sua voz em minha mente, assim como em nossas interações com o mundo, onde sempre haverá sons ao nosso redor que podem subitamente despertar memórias e nos fazer lembrar de tudo. Na verdade, essa música me trouxe paz. No dia em que gravei a versão inicial, senti meu corpo ser tomado por uma energia avassaladora. Essa música é meu maior desabafo, minha forma sincera de expressar tudo o que estava sentindo. Não é uma canção leve, é real. Mas de alguma forma, ela me trouxe paz, pois é a expressão de tudo que eu precisava liberar. Tenho certeza de que o Walisson ficaria orgulhoso de mim, afinal, mesmo quando eu cantava como um gato no telhado, ele me incentivava a correr atrás dos meus sonhos.

O videoclipe de “Sem Tempo Para Brincar” foi dirigido por você e Lennon Rabi. Como foi o processo de criação desse vídeo e qual era a visão que você tinha em mente ao retratar a sociedade distópica e opressora nele?

Quando se trata de trabalho, sou exigente e extremamente criativa. Busco pessoas responsáveis, maduras e que saibam o que estão fazendo. Desde o início do projeto, tenho em mente o que quero alcançar. Sou eu mesma quem monta as equipes, contrata os profissionais, agenda as locações, providencia a alimentação, cuida dos figurinos e pensa em toda a logística. Levo tudo isso muito a sério, afinal, é meu sonho e envolve custos financeiros significativos. Além disso, sei que existem pessoas que se inspiram em mim, e desejo oferecer a elas o meu melhor. Lennon tem estado comigo desde o meu primeiro videoclipe. Ele me ensinou métodos e introduziu a parte prática do cinema, pois é estudante de Cinema na UnB e possui conhecimentos técnicos valiosos nessa área. No entanto, quando se trata de trabalho, sou uma leoa. Preparo-me meticulosamente e começo a organizar todas as etapas com a equipe. Sempre compartilho minhas ideias com a equipe em busca do melhor que eles podem oferecer. Para estar ao meu lado, é necessário gostar de trabalhar e ter um apreço pela excelência. Compreendo que não é uma tarefa fácil para ninguém, mas estou comprometida a fazer o possível para tornar a experiência positiva e gratificante para todos.

Como você acredita que a música pode ser uma forma poderosa de transmitir mensagens de igualdade, superação e esperança? Quais são as suas esperanças e intenções ao compartilhar sua música com o mundo?

Olha, vamos ser sinceros aqui, agora eu tô querendo dinheiro, hahaha! Brincadeira! Mas falando sério, a música é incrível porque ela transmite as coisas de forma natural, sem forçar a barra, sabe? Você poderia passar horas assistindo documentários para entender o que a Xênia França retrata em “Pra Que Me Chamas?”, enquanto em apenas 4 minutos de música ela consegue transmitir tudo. É impressionante! Eu tenho uma sincera intenção de ser um exemplo para as pessoas, especialmente para aquelas que estão pensando em desistir. Eu já passei por momentos difíceis, acredite, comi o pão que o diabo amassou. Eu sei o que é se sentir invisível, sem valor. Mas sabe o que eu fiz com isso? Eu sofri, né, mas, entendi que aquele não era o lugar onde eu queria ficar. Coloquei minha terapia em dia, assim que tive condições, e segui em frente. A saúde mental é muito importante, e quero que minha música seja um sopro de ar fresco para as pessoas. Mas, de verdade, todos devemos cuidar de nós mesmos e buscar ajuda quando necessário. Temos profissionais voluntários e do serviço público que estão prontos para nos ajudar. E vamos combinar, estamos acostumados a reclamar mas, o serviço público já fez muito por nós de alguma maneira. Óbvio, dá dor de cabeça também mas, onde é que tem pessoas e não tem problemas? É uma fórmula infalível: pessoas + pessoas = problemas! Hahaha! Eu quero que minha música seja uma faísca que acenda corações e almas, até que se torne um verdadeiro incêndio capaz de mudar a nossa realidade e transformá-la ao nosso bel prazer. O mundo é de todos nós e precisa ser um lugar confortável para todos. Vamos incendiar o mundo com amor, música e pessoas fortes!

Poderia nos contar um pouco sobre a produção musical de “Sem Tempo Para Brincar” e como foi trabalhar com RoggerMX? Como a colaboração contribuiu para a sonoridade e a mensagem da música?

RoggerMX é meu eterno amigo e companheiro, estamos casados há dois anos e nossa história é uma mistura de amor, muita risada e música. Quando nos conhecemos, ele estava com sua banda e foi um dia que jamais esquecerei. Eu contei a ele que tinha o sonho de ser cantora e, acredite ou não, ele me pediu para cantar. Foi uma ideia terrível e a pior parte é que eu realmente cantei. Com toda a gentileza do mundo, ele não pôde conter o riso e, com todo o amor que tem por mim, ele me disse a verdade: Tá ruim, mas pode melhorar. A partir daí, embarcamos em uma jornada para conhecer os melhores profissionais da música, de acordo com as habilidades específicas que ele considerava essenciais. Foi assim que comecei a compreender as complexidades e as simplicidades da produção musical. Ele é meu curador em tudo! Ele revisa as letras, escolhe os timbres, seleciona as pessoas que irão produzir, me ajuda a decidir as texturas vocais e, acima de tudo, me diz a verdade. Ele é uma pessoa incrivelmente generosa e um verdadeiro gênio. Como matemático e analista de sistemas, ele me ajudou a pensar de forma lógica, a considerar os aspectos logísticos e, principalmente, a manter os pés no chão. Basicamente, é assim que funciona: eu falo sobre meus sonhos e ele pergunta qual será o custo disso tudo, daí começamos. Mas, no final das contas, estamos construindo nossos sonhos juntos, com muito amor e risadas no caminho. Ele é meu parceiro de vida e de música, e sou grata por tê-lo ao meu lado em todas as etapas dessa jornada romântica e engraçada.

Onde os ouvintes podem encontrar a música “Sem Tempo Para Brincar” e o videoclipe? Existe algum lugar específico onde você gostaria que eles buscassem sua arte?

Então, tenho meu próprio canal oficial de artista no YouTube! É só digitar Alhocca na busca e pronto, vocês vão encontrar tudo por lá. Tem videoclipes produzidos com muito amor, visualizers cheios de estilo e até bastidores exclusivos para vocês me conhecerem melhor. Ah, e não posso esquecer do Instagram, que está sempre agitado! É só pesquisar por alhocca e vocês vão se deparar com um montão de conteúdo legal. E o melhor de tudo é que vocês podem me ouvir onde quiserem! É só escolher a sua plataforma de streaming favorita e buscar por mim. Estarei lá com todas as minhas músicas e lançamentos mais recentes, prontinhos para animar o dia de vocês. Quero aproveitar para agradecer por essa entrevista e por todos vocês que acompanharam tudo de pertinho. É simplesmente maravilhoso poder compartilhar essa jornada com cada um de vocês. E não se esqueçam: espalhem por aí que vocês me conhecem! Agora que vocês sabem de todos esses detalhes, adoraria que mais pessoas tivessem acesso a esses lados da minha arte. Um super beijo para todos vocês e até a próxima! Vocês são demais!

Acompanhe Alhocca no Instagram

Publicidade

Carregando...

Não foi possível carregar anúncio