Amanda Boaviagem promove valorização das tradições irlandesas em “O Sonho Verde”

Romancista recifense Amanda Boaviagem conduz os leitores a um intercâmbio cultural em enredo ambientado no coração da Irlanda

Publicado em 07/06/2023 01:01
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Amanda Boaviagem, sempre ávida por emocionantes aventuras ao redor do mundo, reúne suas experiências como turista para oferecer sua contribuição à literatura odepórica – um gênero que abarca memórias de viagem. Em seu quarto livro, intitulado O Sonho Verde, ela convida os leitores a embarcarem em uma jornada pela Irlanda: das Falésias de Moher ao icônico Temple Bar, um pub no vibrante bairro cultural da capital irlandesa. A bordo do DART, um trem que percorre a região costeira de Dublin, os leitores poderão sentir a atmosfera da Ilha Esmeralda como se estivessem lá.

Durante suas férias, Amy embarca em uma viagem ao lado de seu namorado e registra todas as experiências em um diário. É nessa narrativa que ela descobre um segredo de família há muito esquecido, envolvendo sua melhor amiga, Lisa. A partir dessa revelação, nossa protagonista embarca em uma jornada de investigação sobre seu próprio passado, ao mesmo tempo em que se envolve em um triângulo amoroso e mergulha nas encantadoras tradições irlandesas, que conferem um toque mágico à trama.

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Como em um sonho, a história apresenta elementos que desafiam a percepção do leitor. Alguns elementos se entrelaçam, como os nomes dos dois personagens com os quais Amy se envolve: Derek e Erik. Além disso, os capítulos são narrados por diferentes personagens, testando a imersão e a percepção do leitor.

As próprias experiências da autora durante sua estadia no país europeu, alguns anos atrás, foram a inspiração para escrever esse romance. Ela também foi influenciada pela escritora inglesa Jane Austen, mencionada em uma passagem durante o baile de máscaras. Referências da cultura pop também fazem parte do livro, como “easter eggs” assim como na série “Sombra e Ossos”, e o número 42 da saga “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, do inglês Douglas Adams.

Amanda Boaviagem é pós-graduada em Direito Público e trabalha como servidora pública em Recife (PE), sua cidade natal. Fascinada por histórias desde a infância, ela começou a escrever em diários e, ao longo dos anos, encontrou seu lugar no universo da poesia, crônicas, contos e romances.

Além de ser autora de quatro livros e coautora de sete coletâneas, Amanda foi selecionada em 12 concursos literários e é Imortal e Paladino Literário 2022 pela Academia Independente de Letras (AIL). Na área literária, ela também se dedica a promover autores nacionais por meio de sua conta no Instagram e organizar ações sociais com livros, como o Amigo Secreto Solidário Literário Virtual, que arrecada e doa obras para crianças da ONG Sonhar Acordado Recife.

O gênero odepórico abrange memórias de viagem. Como suas experiências como turista influenciaram a criação do livro “O Sonho Verde”?

No começo, este livro seria apenas um diário da minha primeira viagem internacional que, assim como a de Amy, foi para a Irlanda também. Estive, de fato, em vários locais que ela e os protagonistas do livro passaram, fiz vários passeios… No entanto, a ideia mudou para, em vez de um diário de recordação para eu mesma, uma ficção. Foi quando criei os personagens e suas histórias. Nem todos os lugares do livro estive de verdade, alguns passeios não cheguei a fazer, mas tenho uma amiga praticamente irlandesa que me ajudou em alguns pontos turísticos e fiz muita pesquisa.

O enredo do livro envolve uma viagem à Irlanda e a descoberta de um segredo de família. Como você construiu essa trama e qual foi a inspiração por trás dela?

Já li muitos livros, vi novelas, seriados, histórias de época… sempre têm alguma “treta”, alguma confusão, segredo de família guardado a sete chaves e que, quando vem à tona, causa comoção. Inconscientemente, acho que acabei absorvendo isso e projetando na trama de O Sonho Verde.

Além dos famosos pontos turísticos, os personagens vivenciam as tradições irlandesas. Como você mergulhou na cultura local para trazer esses elementos para a história?

A Irlanda é minha “queridinha”. A lista de motivos que Amy apresenta no começo do livro de “porque ela escolheu a Irlanda como primeira viagem internacional” se aplica a mim facilmente. Filmes como “Once”, “Ano Bissexto” e mesmo “Darby O’Gill” (um filme antigo da Disney que os irlandeses não gostam, pois dizem que não retrata corretamente a cultura deles) inspiraram minha curiosidade sobre esse local. Mais ainda quando descobri que é a terra dos contos de fadas, gênero que sempre gostei desde criança. A partir daí foram pesquisas, programação, a viagem em si, conversas com minha amiga que vive na Irlanda e músicas folclóricas de lá para ajudar a entrar no clima do livro – ouvia essas músicas no Spotify enquanto escrevia a obra. Isso ajuda tanto na minha escrita, que sempre crio uma playlist dos meus livros e com “O Sonho Verde” não foi diferente. Quem quiser acessar a playlist, basta digitar no Spotify: “O Sonho Verde (OSV)” que vai ver a capa do livro. Só aviso que a playlist ainda não está totalmente pronta e que precisa de umas músicas brasileiras também, para refletir esse mix de culturas nordestina (Brasil) e Irlanda.

O enredo apresenta alguns elementos confusos, como os nomes dos personagens e a narrativa alternada. Qual foi a intenção por trás dessas escolhas e como você acredita que elas impactam a experiência do leitor?

Não gosto de narrativas óbvias e queria garantir que o leitor prestasse atenção na história para que conseguisse entendê-la. Sim, a intenção foi confundir, até mesmo os nomes dos personagens. Queria que o leitor se perguntasse: “espera, mas será que li errado esse nome? Não era outro? Será que troquei?”. Mesmo as narrativas alternadas, é um tipo de leitura que gosto muito, poder ver a mesma situação sob o ponto de vista de outro personagem e achei que seria interessante para o leitor. Mas também não é como se a história fosse toda recontada por personagens variados. Usei isso em poucos capítulos pois não queria que ficasse cansativo para o leitor.

Amanda Boaviagem (Foto: Divulgação)

Como suas próprias experiências na Irlanda influenciaram a escrita do romance? Quais foram os aspectos mais marcantes que você quis compartilhar com os leitores?

Este livro passou por várias versões antes de chegar à versão que está agora nas mãos do leitor. Diria que, antes das mudanças mais drásticas, as viagens que fiz influenciaram 25% do livro. Depois, acabei misturando e alternando os capítulos, pois achei que ficaria mais dinâmico. Não queria perder a experiência de imersão na Irlanda para o leitor, mas também não quis que ficasse tão descritivo e muito foi cortado. Depois de tudo, acho que talvez 15 a 20% do livro ficou com os passeios e pontos turísticos, até porque queria incentivar o leitor a fazer turismo literário, algo que amo e sei que muita gente também gosta. Inclusive, pretendo ir de novo à Irlanda, não sei quando, mas para visitar todos os lugares que Amy foi e eu não. A viagem serviu de inspiração, mas o enredo é pura ficção.

Você menciona a influência da escritora Jane Austen e referências da cultura pop no livro. Como essas referências foram incorporadas à narrativa e o que elas acrescentam à história?

Aconteceu de forma bastante natural. Jane Austen é minha autora preferida da vida, então não podia deixar de fazer referência a ela em um dos meus livros. A própria cena do baile (olha o spoiler) foi inspirada nos bailes que sempre ocorriam nos livros dela. Apesar de “O Sonho Verde” ser contemporâneo, consegui encaixar um baile no meio com um toque “à la Austen”. Quanto à cultura pop em geral, as referências surgiram à medida que criava a história. Em determinada cena, quando aparece o número 42, sabia que tinha que incluir a referência ao “Guia dos Mochileiros das Galáxias”; em outra, enxerguei algo que me lembrou do “Senhor dos Anéis” e por aí vai…

O livro explora o contexto das festividades de São Patrício e os leprechauns. Como você abordou esses elementos folclóricos e mágicos na trama?

O livro começa e termina com a festa de São Patrício de um ano para o outro. Estive no desfile do dia de São Patrício e sabia que isso tinha que estar na história. Acabei dando um certo destaque para os leprechauns e lendas de uma forma que nem esperava tanto, a princípio. Inclusive, talvez algumas pessoas pensem que é um livro de fantasia antes de lê-lo, por ter essas referências, mas não é. Talvez isso tenha vindo um pouco do meu gosto pessoal por contos de fadas e nem tenha percebido tanto. Mas acaba que é mais uma brincadeira do que qualquer outra coisa.

Além da ambientação na Irlanda, quais outros temas e mensagens você deseja transmitir aos leitores por meio de “O Sonho Verde”?

Uma mensagem de esperança e positividade de que sim, é possível ir atrás dos seus sonhos e que enquanto eles não se realizam, você pode simplesmente ir “curtindo a paisagem” e essa grande viagem que é a vida. Que sempre podemos melhorar e mudar o rumo das nossas vidas, mas só se quisermos de verdade e nos esforçarmos também. Que amizades valem a pena, sejam elas humanas ou com animais. Que devemos ajudar o próximo sempre que possível e não ficarmos apenas na nossa bolha, focados nos próprios interesses. Gosto sempre de colocar meus personagens, em algum momento do enredo, fazendo algum gesto de solidariedade para quem precisa, como forma de inspirar outras pessoas.

Foi assim em “Amor nos Tempos de Quarentena”, meu primeiro livro, onde Manu, Maris e Lorenzo, que são médicos na história, ajudam moradores de rua prestando atendimento médico gratuito junto com a ONG Anjos da Noite (que, de fato, existe em Recife – PE. O contato da ONG está em uma nota de rodapé do livro para que quem quiser ajudar possa contatá-los).

Em “O Sonho Verde”, os protagonistas Amy, Lisa e Erik prestam ajuda num abrigo de crianças carentes em Dublin, na Irlanda, local onde se passa a história do livro. Na nota de rodapé, trouxe a curiosidade de que a inspiração para esse abrigo veio da ONG O Sonhar Acordado, que existe, de fato, em Recife e em outras localidades do Brasil, e que realiza um trabalho contínuo com crianças carentes.

Como foi o processo de pesquisa para criar uma atmosfera autêntica da Irlanda no livro? Quais foram as fontes de inspiração utilizadas?

A viagem em si, pesquisas em sites que me fizeram revisitar pontos turísticos online ou até ir em alguns sem ter estado lá mesmo, pelo menos, meus personagens estiveram. Também músicas, filmes e livros sobre a cultura da Irlanda. Fui uma vez a uma festa de São Patrício num pub na minha cidade que oferecia essa experiência para quem quisesse. Você ia de verde, usava cartola, gravata, trevo… Exatamente como se estivesse no dia de São Patrício na própria Irlanda. Mas isso foi anos depois que já tinha ido para lá, foi mais para relembrar.

Como você descreveria a experiência de leitura de “O Sonho Verde” e que tipo de leitores você acredita que se identificarão mais com a história?

É uma leitura leve, mas que permite que você viaje dentro dela. Queria que o leitor se sentisse numa viagem para a Irlanda junto com a Amy, exatamente como seria se estivesse lá. Acho que vai atrair jovens, em especial o público feminino, e adultos também que estão se firmando na carreira. Pessoas que gostam de viagem, de animais (tem cachorrinhos na história) e que também estão em busca de autoconhecimento, de se redescobrir; a própria Amy passa por todo um processo ao longo da trama (e que não terminou, pois esse é só o primeiro livro), de aprender, de buscar ser uma pessoa melhor. Também acho que pessoas que fazem algum tipo de trabalho voluntário ou que estão pensando em fazer vão se sentir atraídas pelas ações dos personagens e talvez esse seja o pontapé inicial para seguirem esse desejo. Ah! Também quem gosta de referências da cultura pop/nerd nas histórias deve gostar.

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