Mix Musical

Andrea Martins fala sobre produção musical e a exploração de diferentes estilos

Cantora que foi vocalista da banda Canto dos Malditos na Terra do Nunca investe em carreiro solo, além de se destacar como produtora independente

Publicado em 12/03/2023 05:24
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Andrea Martins é cantora, compositora e produtora musical. Começou na música como vocalista e compositora do grupo de rock Canto dos Malditos na Terra do Nunca, que lançou seu primeiro álbum pela gravadora Warner, produzido por Miranda e Tomás Magna. Nesse período, CMTN esteve entre os mais requisitados do top 20 da MTV e recebeu uma indicação ao VMB. Andrea também participou do “Luau MTV Nando Reis” onde cantou a música “Luz dos Olhos”.

No mundo do áudio, Andrea começou a trabalhar em uma produtora em São Paulo, onde ampliou seus horizontes com design de som e trilha sonora. Após retornar a Salvador, participou do coletivo “Nossos Baianos” em homenagem aos Novos Baianos, onde cantou com Baby do Brasil, Paulinho Boca, Galvão e Pepeu Gomes, ao lado dos compatriotas Kalu, Renata Bastos, Pietro Leal, Lahiri Galvão , Pedro Pondé, entre outros.

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Recentemente, ela tem investido em sua carreira solo, lançando singles como “Asma”, “Bolero” e seu mais recente EP “Pequenos Grandes Universos”, que gerou os singles “Vinheta do Amor”, “Olho do Mar” e “Vida Viagem”. Confira a entrevista!

Você teve a experiência de participar do “Luau MTV Nando Reis” cantando a música “Luz dos olhos”, esta oportunidade trouxe aspectos positivos e crescimento para sua carreira musical?

A experiência de participação do “Lual Nando Reis” foi maravilhosa. Eu já era uma superfã, já era fã do Titãs também, e especialmente das composição do Nando, “Família”, “Os Cegos do Castelo”, enfim, eram músicas que eu ouvia em loop na adolescência. Eu nem acreditei na época, e foi algo muito foda, fiquei muito feliz e animada com aquilo, e sim, foi muito importante, até porque muitos me conhecem a partir dessa referência. Foi maravilhoso e guardo com muito carinho essa experiência. Sou muito grata por essa conexão que tive com ele naquele momento, ele foi super generoso. A Anna Butler, que era diretora artística da MTV, que além de ter me convidado, era uma super figura. Aquele momento está super emoldurado na minha memória.

Assim que iniciou na música, você foi vocalista do grupo de rock Canto dos Malditos na Terra do Nunca. Como foi a experiência de passar pelo grupo e essa transição do rock para explorar o lo-fi e o R&B?

Essa coisa de explorar diversos estilos musicais e coisa e tal, vem de uma forma bem natural para mim. Sempre ouvi muitas coisas diferentes, ouvia rock, MPB, samba, jazz, hip hop, música clássica … Na minha adolescência em Salvador, ouvia axé, olodum, samba reggae, pagode, praticamente tudo. Eu nunca me fechei para nada, estava sempre claro, dando em cada momento da minha vida preferência a tal coisa, como na adolescência que fiquei muito ali no rock, no grunge e tal. Estava tudo meio ali junto, tanto que o rock tem essa coisa mais pesada, ali na vestimenta, na composição, porém, quando você puxa no violão, percebe que tem algo meio MPB. Foi bem orgânico esse processo, isso de certa forma me ajudar muito na questão de estar me construindo como produtora musical, pois é muito importante ter um vasto repertório de referências para que possa desenrolar melhor as ideias, os arranjos e tal. Isso sempre foi muito bom, poder ouvir de tudo e sempre trazer isso conforme eu veja que deva trazer isso para a minha música e sinta para onde ela vai. Quando você está numa banda, o estilo fica um pouco mais fechado ali. Estávamos afim e fazer um rock mais pesado, era meio influência de grunge e new metal, estamos nessa fase. Era um som que eu gostava, estava também nessa vibe de rock pesado, porém, sempre estava ouvindo essas outras coisas. Quando eu começo a fazer música fora da banda, isso acaba ficando mais livre, porque ai não tenho que pensar em fazer tal música se vestir de tal forma. Eu simplesmente sentia o que a música pedia e ia andando. Em minha carreira solo, tenho “Asma” que foi algo mais intimista e uma coisa mais rock de certa forma. Também tentei bolero, algo totalmente diferente, um EP que tem essa coisa lo-fi, algo que estava ouvindo bastante, aquelas ilustrações que assiste no YouTube, aquela menina lo-fi. Eu estava pirando nessas coisas, achando muito massa, e ai com a ideia de produtora, eu fiquei pensando em fazer umas músicas e experimentar essa pegada. Aos poucos fui fazendo isso na quarentena, porém, como estou sempre acostumada a fazer música a partir de canção e composição mesmo, com letra e melodia, acabou rolando, fazendo essas experimentações se tornarem música.

Além de parcerias de microfone, você e Rena também são casadas. Como o relacionamento de vocês interfere na carreira? Uma chega a inspirar a outra também nos próprios projetos?

Eu acho que as duas tendo a arte como algo muito presenta na vida, com certeza a gente se influencia muito, uma algo para a outra – “poxa, vamos ver aquele filme que tem aquele negócio lá. Você já leu esse livro? Olha que foda isso aqui …”. Nós estamos sempre buscando essas coisas, se inspirando e tal. A arte dela me inspira e a minha inspira a dela, enfim. A gente morando juntas, com certeza fica mais ainda de nos misturarmos. Acho que a cima de tudo a gente se admira, isso torna o nosso processo melhor ainda, pois sempre queremos que uma participe do projeto, não porque aquela pessoa é a sua relação, porque além de tudo, você admira o que a pessoa faz e pensa, como ela expressa a arte dela, enfim. A gente tem um bom casamento artístico, fazemos bastante coisas juntas, projetos e tal.

Uma das curiosidades apresentadas na divulgação desse novo lançamento é justamente a sua produção, que foi realizada dentro de um ateliê que possuem no apartamento. Como se deu o processo de composição da música e o quais são os elementos que mais costumam inspirar você?

Tem um tempo que começou esse projeto da produção musical e que eu venho desenvolvendo isso. Primeiro, veio apenas como uma ideia de registrar as músicas no Garaju Benji, o primeiro software que comecei a usar, registrava e tal, e logo pensava em alguns detalhes aqui e ali, e comecei a meter mão. Dai para aquele primeiro EP que lancei, o “Sound Of Love” em inglês, coloquei no SoundCloud, gravei tudo em casa, o primórdio do home studio, ainda montado o meu setup, comprando as coisas e tudo mais. Logo depois veio o EP “Solares”, paralelamente ai já estava trabalhando com áudio para publicidade, depois começo a trabalhar com trilha, vou desenvolvendo essa coisa da produção musical cada vez mais, e permanecendo afim disso. Isso se torna também o jeito que eu acabo construindo as músicas, gosto de ir compondo e já desenrolando elas no software. Em 2021, eu tive a oportunidade de produzir o disco do meu irmão, coproduzi com a Lívia Nery, e cada uma ficou responsável por quatro faixas. Essa foi a primeira vez que assinei uma coisa que não fosse para mim e que também não fosse para trilha sonora de teatro, e foi algo para um artista musical mesmo. Foi uma experiência incrível e super rica. Na sequência, tive a oportunidade de fazer o BeatQuarentena, que foi com aquelas ilustrações e virar o EP “Pequenos Grandes Universos”, que também foi uma super experiência para meter mão na produção. Eu levantei o EP todo no home studio, só fui para um estúdio gravar as vozes, porque ainda não tinha a estrutura de gravar voz no meu, a partir dai mandei para o Felipe Rodarte, da “Toca do Bandido”, do selo Toca Disco, da qual faço parte e tenho lançado minhas músicas por lá. Ele deu uma olhada, uns retoques finais, finalizou com a equipe dele, porém a produção foi toda levantada aqui. Acho que isso é uma tendência forte para como eu venho me colocando como artista, algo que está bem ligado com a produção. Os meus singles solos também estão vindo com a minha produção, levantados no home studio, tem colaboração de Átila Santana e do Felipe Rodarte, porém, é fundamental esse meu processo e eu também tenho gostado muito, até porque esse lance de produzir trilha e tudo mais, faz parte de como eu acabo desenvolvendo minhas ideias.

Assim como em muitos tipos de artes, todas acabam servindo como um veículo de comunicação, e que acaba levando a múltiplas interpretações. Como musicista, qual acredita ser o verdadeiro potencial influenciador da música no nosso dia a dia?

Acho que o papel da arte é trazer o lado sensível, a subjetividade, o que não está posto para instigar uma reflexão, introspeção, extroversão, enfim, ela é para te causar alguma coisa. Ela tem esse papel de te cutucar e mexer com você de alguma forma. Você precisa passar pela ideia de que embora aquilo tenha nascido de um sentimento seu ou conjunto de sensações suas, isso vai se desenrolar em uma outra narrativa, na cabeça de uma outra pessoa, fazer ela refletir tal coisa, enfim. Acho que é esse o papel e eu já recebi tantas mensagens lindas de pessoas que falam que viram minha música e foi fundamental para eu entender tal processo na minha vida, vivenciar um luto, entender uma paixão, filosofar sobre a minha existência … acho que é meio que isso. O papel é mexer ali dentro de você, gerar um incomodo, uma alegria, algo assim.

Como uma pergunta mais reflexiva, você já pensou hoje em quem seria a Andrea Martins se não tivesse encontrado a música na vida?

Tentando imaginar essa hipótese dela não ter me conectado, acho muito difícil, com certeza estaria fazendo tudo dentro da arte, alguma expressão artística, cinema ou literatura talvez. Quem sabe algo da ordem mental, reflexão, filosofia, psicologia … tentar algo nesse sentido. Acredito que minha expressão artística esteja misturada em todas essas coisas, porém, a minha expressão final é via música. No final das contas, acho que a gente se poderia ser o que a gente é mesmo.

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*Com Regina Soares

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