Bia Nogueira lança o single “Pele” em antecipação ao seu novo disco “Respira”

Bia Nogueira é reconhecida por sua habilidade em mesclar diferentes linguagens em seu trabalho artístico

Publicado em 21/05/2023 16:41
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A multiartista Bia Nogueira está pronta para encantar seus fãs com o lançamento de seu aguardado disco “Respira”. Como uma prévia do álbum, ela lançou o single e clipe “Pele”, que retratam os momentos intensos que tiram o fôlego. Inspirada pelo tesão, tensão sexual e desejo pelo toque à distância, a artista incorpora elementos do R&B em sua poética, contando com a participação de Bela Maria. O lançamento é pelo selo A Quadrilha, do rapper Djonga, e o clipe foi dirigido por Vivih Zaza.

Bia Nogueira é reconhecida por sua habilidade em mesclar diferentes linguagens em seu trabalho artístico. Seu estilo musical abrange uma mistura envolvente de eletrônico, pop, MPB e a música tradicional afromineira, que ela chama carinhosamente de “Afrobeat de BH” ou “Uaifrobeat”, em referência ao movimento crescente em Belo Horizonte.

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O novo disco de Bia Nogueira, antecipado pelo lançamento do single “Calma”, marca uma evolução na exploração de timbres vocais e na composição sonora. A artista também tem se dedicado a criar clipes e visualizers que combinam elementos digitais e reais, explorando o conceito do metaverso. Essa pesquisa se desdobrará em diversas ações dentro da realidade virtual. Como prova dessa busca por inovação, o clipe de “Pele” estreou no festival digital IMuNe + Cidade Alta, alcançando mais de 1 milhão de visualizações.

Além de sua carreira musical, Bia Nogueira atua como cantora, atriz, compositora e produtora cultural. Ela foi uma das fundadoras do Festival Sonora e do Coletivo Mulheres Criando, duas importantes plataformas de valorização da música feita por mulheres. Bia também é idealizadora e diretora criativa do Festival Imune – Instante da Música Negra, além de fazer parte da banda Yônika e do Grupo dos Dez, uma companhia teatral renomada.

Em 2020, Bia Nogueira teve uma participação especial no álbum “Histórias da Minha Área”, de Djonga, na faixa “O Cara de Óculos”. Ao longo do último ano, ela lançou oito clipes com seu Coletivo IMuNe, ampliando ainda mais seu alcance artístico.

A trajetória de Bia Nogueira também inclui atuações em espetáculos teatrais e direção musical no premiado “Madame Satã”, do Grupo dos Dez. Ela tem desempenhado o papel de diretora cênica em apresentações musicais e recentemente trabalhou no novo show d’A Quadrilha.

Como surgiu a inspiração para a composição de “Pele” e qual é a mensagem principal transmitida pela música?

Eu compus essa música durante a pandemia. Houve um momento que me isolei numa cidadezinha e morei sozinha durante três meses pra compor as músicas do álbum que vou lançar em Setembro. Na verdade, foi um isolamento também com o intuito de me curar um pouco de uma tristeza enorme que eu sentia estando isolada num apartamento em BH. Achei que ir pro meio do mato iria me ajudar a melhorar.

Enfim, esse refrão e uma parte da letra e da melodia das estrofes surgiram ali, numa noite em que eu sentia essa vontade de tá com alguém. Esse desejo irrefreável do qual eu falo na música, que nos faz tremer, mas que não podia ser realizado porque o toque tava, de uma certa forma, proibido. A presença de outra pessoa era proibida. Vivíamos o isolamento. Depois, eu mandei esse material inacabado pra Maíra Baldaia e ela concluiu a música. Lembro de ter falado  pra ela desse sentimento de querer muito a presença do corpo de alguém e, ao invés disso, poder ter só uma mensagem. Ela voltou com um resultado incrível. Muitos de nós tiveram que se resolver sozinhos, se tocando e matando a vontade, né? É um pouco sobre isso também.

Como foi a parceria com a cantora Bela Maria e de que forma sua participação contribui para a canção?

Eu fui convidada para o Porto Musical, uma conferência do mercado da música, que acontece em Recife. Além de ter participado como conferencista, eu também me apresentei. Era maio de 2021, se não me engano, e nós estávamos retomando os shows, os encontros ao vivo desse nosso ecossistema musical. Foi muito especial tudo que aconteceu ali porque havia uma aura de esperança, de solidariedade e muito afeto. Todos estávamos felizes com o fato de podermos retornar aos palcos, voltar a fazer nossos eventos e a nos encontrar. Então, os encontros que se deram ali foram bastante significativos. Foi quando conheci a Bela e a sua voz envolvente, sua presença marcante. Fiquei com ela na cabeça e, tempos depois, fiz o convite pra que ela participasse da gravação do single e também cantasse no evento que realizo, o Festival IMuNe. Eu acreditava que ela seria perfeita porque ela tem uma pegada R&B, um timbre aveludado e uma sinuosidade na voz que se encaixou perfeitamente com a produção musical que o Richard Neves e o Rico Manzano propuseram, que era meio sensual e provocativa.

O clipe de “Pele” foi dirigido por Vivih Zaza. Pode nos contar um pouco mais sobre a colaboração e a ideia por trás da direção artística do vídeo?´

A Vivih Zazá é uma diretora sensível e talentosa. A conheci durante a pandemia, por meio da Associação Lanternas Inspiradoras, cujo projeto principal visa oferecer formação em audiovisual e tecnologia para jovens do interior de Minas Gerais. Naquele momento, eu era contratada para implementar os projetos culturais da associação e ela era uma dessas pessoas que estava se formando ali e que foi se especializar em São Paulo. Ela voltou cheia de ideias, e se conectou profundamente com a narrativa do álbum. Passávamos horas e horas debatendo sobre  como seria cada vídeo. Ela trouxe a ideia de trazer esse casal pra narrativa, de filmar numa mansão, de ser minimalista nos objetos do clipe  para que aquelas peles negras lindas se destacassem no cenário. Ela e o diretor de fotografia, o Gabriel Teixeira, propuseram uma câmera que sempre tá muito perto da pele e traz uma vibe de intimidade, de tesão, de desejo que completam a narrativa da letra.

Bia Nogueira (Foto: Divulgação)

A temática do desejo, tensão sexual e intimidade vivida à distância é abordada na música. Como você acha que esses elementos se relacionam com a era digital e a sociedade contemporânea?

Eu acho que é uma relação carregada de contradição. Por um lado, a tecnologia pode nos aproximar, afinal existe uma profusão de apps e redes sociais que se propõem a encurtar as distâncias geográficas e a facilitar a comunicação. Durante a pandemia, por exemplo, quantos de nós não fez aquela chamada de vídeo mais quente pra tentar matar a vontade do toque… rs

No entanto, eu acredito que  a excessiva mediação das telas e a hiperconectividade pode fazer as pessoas se isolarem cada vez mais em suas casas. Uma imagem muito comum no nosso cotidiano é a do casal sentado de frente pro outro num restaurante e cada um olhando para o seu celular. Tenho uma música no álbum que fala sobre isso…

O novo single faz parte do próximo disco de Bia Nogueira, intitulado “Respira”. O que os fãs podem esperar desse álbum em termos de estilo musical e sonoridade?

O álbum vai trazer uma sonoridade pop, que dialoga com o presente. Mas ele também traz o pé fincado nas tradições ancestrais do meu povo negro de Minas Gerais. Tenho feito uma pesquisa estética há muitos anos onde misturo muitas das minhas referências musicais: os rítmos do congado mineiro, o pop, a MPB e  a música eletrônica. O congado, ou Reinado como é comumente chamado, é uma manifestação afro-mineira  que remonta o período colonial. Uma manifestação religiosa que se expressa fortemente por meio da música. Além do tambor, que encontramos em outras manifestações negras espalhadas pelo Brasil, temos dois instrumentos percussivos extraordinários que pouca gente conhece fora de Minas: o patangome e a gunga. A gunga é uma espécie de chocalho preso no pé. Para que possa ser tocada, é necessário que também se dance. É uma das coisas mais bonitas que já vi. Conta-se que as pessoas negras escravizadas foram transformando o barulho feito pelas correntes presas em seus pés em música. Tem tanto simbolismo nisso. Algo que era feito para aprisionar é ressignificado e transformado num instrumento simbolizando muito bem essa força negra de resistência e nossa impressionante musicalidade. Aprendi a tocá-lo faz alguns anos e venho me aperfeiçoando. Nesse meu show novo, o ponto alto é o momento que eu toco a gunga. As pessoas ficam encantadas, assim como fiquei quando vi a Kátia Aracelle, uma capitã da guarda de congado e atriz, tocando pela primeira vez.

Além da música, você mencionou que Bia Nogueira está explorando o metaverso e realizando ações na realidade virtual. Poderia compartilhar mais detalhes sobre essa pesquisa e como ela se conecta com sua arte?

Eu me interesso muito por tecnologia. Não é à toa que fiz o curso técnico em eletrônica  no CEFET quando era adolescente e que o durante o período que estava na Faculdade de Música da UFMG, eu até cheguei a fazer disciplinas que faziam a interseção entre música e tecnologia.

Durante a pandemia, comecei a me interessar por arte digital, NFT e metaverso, assuntos que estavam começando a se popularizar, mas que eram meio obscuros pra todo mundo. Coincidentemente, conheci a Lohana Schalkken, que trabalhava na parte de música da Loud e ela me apresentou a o Paulo Benetti da Cidade Alta. A Loud é uma das maiores organizações de e-sports do Brasil e do mundo e a Cidade Alta  é a maior servidor de GTA RP da América Latina. Eu fiquei muito impactada com as possibilidades criativas no metaverso. Começamos a pensar juntos uma forma de conectarmos nossas histórias, porque eu estava preparando a programação do Festival Imune, um evento de música negra do qual sou diretora criativa. Eu já tinha fechado a presença do Djonga no Festival e começamos a pirar em fazer algo que unisse realidade virtual e mundo real. Por causa disso tudo, eu comprei um computador gamer e comecei a jogar Fortnite e a acompanhar streamers que tinham personagens na Cidade Alta. Cheguei a entrar em outro servidor e criei um avatar pra mim e fui jogar com minha personagem. Eu AMEI! Também sou atriz  e diretora teatral e pra mim fez todo sentido estar ali porque é como fazer teatro com a diferença que é tudo de improviso e o seu corpo é digital.

Realizamos juntos o Festival IMuNe na Cidade Alta. O primeiro Festival de música negra do mundo no metaverso. Foi uma experiência  híbrida porque tivemos apresentações com os personagens cantando ao vivo, eu, inclusive, me apresentei. Realizamos uma batalha de MCs e ainda  fiz um  pré-lançamento exclusivo do clipe de PELE lá nesse metaverso. Nós também levamos parte dos shows que aconteceu ao vivo no Festival Imune para dentro da Cidade Alta num telão dentro de um espaço criado exclusivamente pro festival dentro da Cidade.

Por causa de toda essa história, eu estou trabalhando a parte visual integrando meu avatar à estética do trabalho. As duas capas dos singles que já foram lançadas são do meu avatar, minha versão do metaverso criada pelo renomado artista da fotografia digital, Paulo Abreu.E essa relação virtual e real só vai se aprofundar daqui pra frente. Temos algumas surpresas daqui pra frente nesse sentido.

Bia Nogueira (Foto: Divulgação)

O clipe de “Pele” foi apresentado no festival digital IMuNe + Cidade Alta, com um grande número de visualizações. Como tem sido a recepção do público em relação ao lançamento do single e ao seu trabalho em geral?

Eu estou tendo muitos retornos incríveis do público, com muita gente se envolvendo, compartilhando o trabalho e se conectando com a música. Acho que muita gente se reconhece nessa letra, nessa temática que trago em Pele.

Com relação ao trabalho em geral, eu sinto que estamos avançando, até porque é a primeira vez que tenho a parceria de um selo e faz muita diferença. Ano passado eu assinei com o A Quadrilha, selo pertencente ao Djonga. É a primeira vez que trabalho com um suporte de uma equipe maior que se envolve em todas as etapas. Depois do lançamento do primeiro single desse projeto, já conseguimos circular em alguns festivais pelo Brasil e terminamos o ano de 2022 com uma turnê pelo Norte e Nordeste. Já estamos com uma agenda confirmada pelo circuito midstream em algumas capitais. Isso me deixa feliz demais porque é sinal que o trabalho está chegando mais longe. Acho que BH está com uma cena muito potente e isso acaba fortalecendo muito os artistas individualmente.

Além de sua carreira musical, Bia Nogueira também atua no teatro musical e é envolvida em projetos culturais. Como você equilibra todas essas diferentes expressões artísticas em sua vida profissional?

Eu sou geminiana…hahahahaha… pra mim faz todo sentido fazer o que faço, como faço. Eu conecto tudo, crio um roteiro interno, uma narrativa onde todas as pontas se cruzam. Eu sou uma pessoa polivalente e isso se expressa na minha arte. Eu não vejo diferença entre fazer uma música, montar um espetáculo, pensar a curadoria de um Festival ou dirigir um show.  É tudo sobre processo criativo. Mas confesso que nos últimos tempos eu me excedi e acabei percebendo que preciso fazer menos coisas pra não adoecer. Durante a pandemia eu precisei desacelerar e percebi que os processos criativos são muito mais profundos quando vocÊ tem tempo pra maturar as etapas.

Como você descreveria a sonoridade do “Afrobeat de BH” e qual é o papel desse movimento na cena musical de Belo Horizonte?

Eu considero que existe um movimento ainda incipiente, não organizado mas muito pulsante. Vários artistas estão interessados nessa mistura dos ritmos afrodiaspóricos de MG com os beats. Na capital, há uma música eletrônica periférica riquíssima, prova disso é esse fenômeno que se tornou o funk de BH. Temos djs talentosíssimos se destacando, como o Vhoor e tantos outros. Paralelamente  inúmeros artistas pretos  estão lançando trabalhos que trazem esse amálgama entre o congado,  a música eletrônica , o pop,  o funk e a música urbana periférica como um todo, como é o caso da Maíra Baldaia, Sérgio Pererê, Barulhista, Alysson Salvador, Raphael Salles, a Josy Anne e  próprio Coletivo Imune, que lançou 8 singles em 2020 pelo Natura Musical. Nessa série de lançamentos, estávamos investigando justamente essa interseção. Acredito que temos uma grande artista no miolo dessa cena, a percussionista e produtora musical Débora Costa que,  junto com minha banda A Carta ( Bruno e Thiago Quintino) tem se debruçado nesse processo de pesquisa desde 2019.

Bia Nogueira (Foto: Divulgação)

Quais são os próximos passos na carreira de Bia Nogueira após o lançamento de “Pele”? Podemos esperar por mais lançamentos, performances ao vivo ou projetos especiais?

Esse ano, em setembro, finalmente lançamos o álbum RESPIRA pelo selo A Quadrilha. Antes disso, vou lançar um remix e, a partir de junho, começo a circular com o show. Estamos preparando um show que é uma mistura de linguagens e tecnologia presente, claro. Estou animada e espero que o público embarque nessa junto com a gente.

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