28 anos de tela

Dalton Vigh relembra tempos de “O Clone” e fala sobre impacto dos streamings

Ator está na dramaturgia desde 1994 e já fez sucessos como “Xica da Silva”, “Pérola Negra”, “O Profeta”, “Duas Caras”, “Fina Estampa”, “I Love Paraísopoles”, entre outras

Publicado em 11/01/2023 01:17
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Formado em Publicidade pela Universidade Metodista de São Paulo, Dalton Vigh não seguiu a profissão e decidiu investir na carreira de ator. O primeiro trabalho de Dalton na televisão foi na novela Tocaia Grande, em 1995. Participou ainda das telenovelas Estrela de Fogo e Pérola Negra, ambas de 1998. Depois de ter feito par romântico com Patrícia de Sabrit em Pérola Negra, os dois voltaram a contracenar juntos em “Vidas Cruzadas” como protagonistas. Foi ainda nessa época que o ator estreou no cinema com o filme “Por Trás do Pano”.

Dalton ganhou ainda mais notoriedade ao apresentar o programa Top TV, em 2000. Foi também apresentador do canal de televisão a cabo People&Arts. Fez enorme sucesso com a sua interpretação de Said Rachid na novela O Clone, de 2001. Em 2003, interpretou o personagem histórico Luigi Rossetti na minissérie “A Casa das Sete Mulheres”.

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Três anos depois, o ator voltou a brilhar como o vilão Clóvis Moura na telenovela “O Profeta”. Logo em seguida, foi convidado para interpretar Marconi Ferraço, o principal vilão da novela “Duas Caras”, escrita por Aguinaldo Silva.

Em 2009, esteve no elenco do seriado “Cinquentinha”. Já em 2010 participou das séries “S.O.S. Emergência”, “Na Forma da Lei” e “As Cariocas”. O ator participou também da minissérie “Amor em Quatro Atos”, inspirada em canções de Chico Buarque, estrelando o episódio “Meu único defeito foi não saber te amar”. Em seguida esteve no seriado “Lara com Z” e integrou o elenco da novela “Fina Estampa”, todos da Rede Globo. Entre 2012 e 2013, atuou na novela “Salve Jorge”, de Glória Perez, interpretando o advogado Carlos Flores Galvão. Dois anos depois, interpretou o médico Tomás em “I Love Paraisópolis”.

Em 2017, ele esteve em cartaz no longa “A Comédia Divina” e foi super bem criticado pela veia cômica mostrada no filme e até então pouco explorada ao longo da sua carreira. O elenco contou também com os atores Mônica Iozzi, Murilo Rosa, Juliana Alves, Thiago Mendonça, entre outros. No mesmo ano, esteve ainda em cartaz com “Uma Peça Por Outra”, também sucesso de público e crítica em São Paulo, que teve inclusive sua temporada prorrogada duas vezes.

Em 2018, Dalton integrou o elenco da quarta e última temporada de “O Negócio”, da HBO, que teve lançamento simultâneo em toda América Latina. Nos cinemas, esteve em cartaz no longa “Nada a Perder – Contra Tudo, Por Todos” interpretando o juiz Ramos. Além disso, teve a sua volta para o SBT na novela “As Aventuras de Poliana”, onde interpretou um dos papéis principais, Otto Pendleton.

2020 marca sua estreia no streaming, Dalton conquistou um dos papéis centrais na série da Globoplay “A Divisão”. Em paralelo a isso, nosso ator esteve simultaneamente em três trabalhos na TV, nas reprises de “Fina Estampa” (Globo), “O Clone” (Viva) e em “Aventuras de Poliana” (SBT). Confira a entrevista!

Reprisada a um tempo atrás, a novela “O Clone” foi um dos sucessos memoráveis da dramaturgia da Globo, conhecido inclusive internacionalmente, onde interpretou o personagem Said Rachid. Existe alguma curiosidade ou momento que o marcou ao fazer essa novela?

“O Clone” foi uma novela com mais de 200 capítulos, que ficou dez meses no ar e levou um ano entre a preparação e o último dia de gravação, então são muitas lembranças, inclusive de momentos históricos como o 11 de Setembro, que quase fez com que fosse “engavetada”. Mas acho que a viagem pro Marrocos foi a mais marcante, não só pelo exotismo do lugar e pela adrenalina de gravar aquela obra e tudo que ela significava para mim naquele momento, mas também pelos momentos de descontração que tivemos por lá, descobrindo um pouco sobre a cultura local nos perdendo pelas vielas e becos de Fez.

Você tem uma longa trajetória na televisão entre eles Vidas Cruzadas, O Clone, Duas Caras, Salve Jorge e muitos outros que marcaram o público . Qual personagem exigiu maior preparo físico e mental? Quais atividades você teve que exercer para dar conta do papel?

Foi, sem dúvida o Raposo de “Liberdade, Liberdade”, o papel exigiu preparo físico pelas cenas de ação como lutas de espada e cavalgadas, assim como pela dificuldade de acesso que tínhamos em certas locações, e preparo mental no sentido de lidar com a distância, já que gravava no Rio e minha esposa estava em SP, grávida dos meninos. Para meu alívio, eles só nasceram quando eu já havia terminado de gravar.

Logo no início da carreira, você chegou a pegar projetos que já foram muito marcantes como “Tocaia Grande” na Rede Manchete, “Xica da Silva” e logo no SBT, o seu primeiro protagonista na novela “Pérola Negra”. Você se recorda da primeira vez que entrou dentro de um set de gravação ou como foi a responsabilidade de conseguir um protagonista pela primeira vez?

A primeira vez num set de gravação foi numa propaganda, mas no set de uma novela foi em “Tocaia Grande”, numa externa em um sítio em Maricá, dividindo a cena com Jackson Costa, onde eu interpretava um filho de coronel e ele um jagunço. E é dessa novela que tenho a lembrança de sentir o peso de um protagonista, ou quase isso. O que aconteceu é que fui contratado para fazer o Coronel Felipe, protagonista da novela, e na coletiva de Imprensa para apresentação do elenco fui informado que não faria mais esse personagem. Durante o princípio da preparação para a novela, a leitura de capítulos, participava apenas como espectador e após ter lido todos os capítulos, percebi que o melhor personagem era um filho de Coronel mimado e chegado numa esbórnia, sem nenhuma preocupação com trabalho ou coisa do gênero, chamado Venturinha. Era deliciosamente amoral e sem vergonha, mas ainda assim, muito engraçado. Pedi ao diretor, Regis Cardoso, para ler o personagem sem nenhum compromisso, o que na hora me foi negado pois estavam em negociação com um ator conhecido. Foi só após algumas semanas que ele me finalmente me chamou pra participar lendo o tal Venturinha e ao final, me disse: “Parabéns, o papel é seu”.

Datlon Vigh (Foto: Michael Willian)

Desde que chegaram ao mercado brasileiro, os serviços de streaming ter se tornado um grande sucesso, tanto na distribuição como produção original de títulos. Como profissional próximo do entretenimento, acredita que essas plataformas realmente já tenham conquistado a mesma força que as emissoras tradicionais de televisão tinham até poucos anos atrás?

Acredito que, individualmente, não exista nenhuma plataforma com tanta concentração de audiência como a que a Globo conquistou como emissora ao longo de décadas. Mas como um todo, com certeza. A entrada do streaming foi muito impactante e repentina, ainda que não com a mesma abrangência de antes. Hoje essa audiência está pulverizada entre várias opções de entretenimento. Antigamente as conversas nas rodinhas da turma do trabalho ou da escola eram sobre o capítulo de ontem de determinada novela, hoje parece uma competição pra ver quem acaba primeiro tal série ou quantas séries alguém é capaz de acompanhar.

Nos dias de hoje, muito se fala sobre as questões de conteúdos que são abordados no entretenimento, desde a questão do horário em que se passa determinado programa até o público que potencialmente irá consumir. Com todo esse tempo de carreira, o que mais veio se transformando na produção da dramaturgia brasileira?

Assisti recentemente um trecho de uma entrevista do Stallone onde ele fazia um comentário sobre as produções de Hollywood que achei muito interessante. Ele fazia uma comparação entre a produção de filmes na década de 70, mais autorais e focados em contar uma história, que poderia ou não dar trazer lucro, e os dias de hoje, onde tudo é calculado e controlado pelos estúdios no sentido não só da bilheteria que o filme pode trazer, mas se é possível o licenciamento de produtos e eventuais sequências que um sucesso pode gerar. Acho que, guardadas as devidas proporções, a produção de dramaturgia brasileira segue um mesmo caminho. Existe um nível de exigência maior sobre a qualidade de captação de imagem e áudio porque a tecnologia dos aparelhos de TV de hoje traz uma definição cada vez maior, mas não só isso, o nível de qualidade do texto, direção de fotografia e edição ágil das produções internacionais, às quais o público tem acesso hoje em dia, também criou um público mais exigente.

Hoje, há um cuidado maior com a parte técnica e com a parte artística para que a obra atinja a determinada fatia de público específica, já que a audiência também foi segmentada com a chegada do streaming, além do olhar comercial sobre o que determinada obra pode gerar em termos de licenciamento de produtos e eventuais sequências ou novas temporadas. 

Outro grande personagem que interpretou foi o do vilão da novela “O Profeta”, da Rede Globo. Poderia falar um pouco sobre como foram os bastidores desse projeto?

Foi um trabalho que também deixou muitas saudades, lembro que foi um dos elencos mais unidos e festivos que fiz parte, tenho muitas lembranças de jantares, reuniões e festas que fizemos. Além de ter tido o prazer de gravar muitas cenas e conviver com um de meus ídolos, Luís Gustavo, ou Tatá, como ele preferia que o chamassem, e poder ouvir piadas, histórias do início da TV e “causos” que só ele sabia contar e fazer todos gargalharem.

Datlon Vigh (Foto: Michael Willian)

Você já revelou em algumas outras matérias na mídia alguns detalhes do relacionamento que teve com seus pais, inclusive que infelizmente não teve muito contato com seu pai. Porém, ainda sobre a família, você chegou a receber muito apoio quando optou por seguir a arte?

Na verdade, minha mãe nunca contestou ou manifestou qualquer contrariedade a respeito, mas alguns amigos questionaram e alguns familiares acharam que eu estava meio maluco, rs… Afinal, meu padrasto havia falecido recentemente, eu estava desempregado, minha mãe havia se aposentado e o Plano Collor havia sequestrado todo o dinheiro em contas ou aplicações, ou seja, era realmente o pior momento para se fazer uma mudança de carreira e dar um salto no escuro. Ainda bem que minha teimosia acabou dando certo…

De 2018 a 2020, você teve o seu primeiro destaque com a geração mais infantojuvenil através de “As Aventuras de Poliana” e “Poliana Moça”, dois grandes sucessos do SBT. Quais os resultados que o Sr. Pendleton proporcionou em seu trabalho e o que achou do contato com esse público diferente dos que seus outros projetos costumam ter?

Aconteceu um fato curioso com o Sr. Pendleton/Otto, ele não era o pai de Poliana na sinopse original. Desde o início da novela no ar as pessoas me perguntavam a esse respeito e eu sempre dizia que não, porque era essa a informação que tinha. Mesmo quando gravamos as cenas de teste de DNA de paternidade, eu achava que era um blefe, que ele havia manipulado os resultados. Mas acho que o apelo do público falou tão alto que isso acabou sendo incorporado na trama e trouxe uma profunda mudança em termos de composição de personagem, afinal ele era um personagem sóbrio e amargurado a princípio e o contato com Poliana, e também a descoberta da paternidade, o transformaram em uma pessoa mais humana e calorosa no fim da novela.

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