Realidade na Cara

Geninho abre porta dos bastidores da música independente e empreendedorismo na indústria

De acordo com o cantor, faltam orientações e ferramentas para auxiliar os artistas independentes a crescerem e viverem da arte

Publicado em 07/12/2022 22:11
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Leonardo Vidal, mais conhecido como Geninho, iniciou sua trajetória na música aos 14 anos através do Beatbox. Na mesma época, começou a cantar e fundou o grupo Oriente junto aos artistas Nissin, Chino e Bruno Silva, o Nobru, em 2008. Desde sua criação até 2020, fez shows por todo o Brasil passando pelos palcos mais importantes da indústria musical como o Planeta Atlântida, Rock in Rio, Pepsi Twistland, e Yo! Rap Festival, além de realizar apresentações internacionais em cidades como San Diego, Los Angeles, Miami e Orlando.

Geninho também desenvolveu os registros de obra e fonogramas do Oriente, passando a estudar e se dedicar à parte burocrática do mercado. O que futuramente contribuiu para a criação da sua empresa de tecnologia e distribuição digital MusicPRO, onde ocupava o cargo de Diretor de Marketing e desenvolvia campanhas e soluções inteligentes para a empresa e para lançamentos de artistas independentes.

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Além disso, ele também é sócio-fundador do selo musical e produtora audiovisual, Original Boca, que tem como missão a profissionalização de novos artistas e ampliação do mercado independente da música. Os números de associados ao selo Original Boca já passam de 100+ Artistas/Autores, 10+ Selos, 55+ Álbuns e 580+ Singles. Devido ao crescimento da demanda de distribuição digital, a empresa desenvolveu seu próprio aplicativo, MusicPro, que coloca na palma da mão o controle total da carreira do artista. O app possibilita fazer uploads de novas músicas e álbuns para todos os players de música, acompanhamento de gráficos e rendimento de diversas fontes de arrecadação além do recebimento/transferências de suas receitas.

Multifacetado, o artista e empresário também atua como diretor musical do canal de YouTube da Original Boca fazendo singles com junções inéditas entre artistas da cena do Rap, criando playlists com temporadas e dando espaço para novos artistas. Em 5 anos de dedicação o canal atingiu a marca de 124 mil inscritos e 74 vídeos que somados passam dos 28 milhões de visualizações. Alguns dos nomes dirigidos por Geninho no canal são Kamau, Rashid, Spvic, Akira Presidente, Dk, Tiago Mac, Cynthia Luz, Pelé Milflows, Chris Mc, Choice, Sant, Luccas Carlos, Lary, Morcego, Clara Lima e o californiano Dezzy Hollow.

Em 2022, decidiu se dedicar a carreira solo e lançou o álbum “Por Que Não?!”. Atualmente, ele divulga os singles do trabalho autoral que já conta com 12 faixas e colaborações musicais de peso. Suas redes somam mais de 100 mil de seguidores e seu canal do Youtube acumula 167 mil visualizações. Confira a entrevista!

Apesar de estar sendo bastante esperado atualmente, a sua trajetória na música já vem desde a adolescência, ainda aos 14 anos através do Beatbox. Queria começar perguntando um pouco mais sobre quais foram os seus primeiros contatos com a música?

Meus primeiros contatos com a música foram através da minha família, principalmente da minha mãe que desde criança sempre cantou muito para gente dentro de casa. Sempre ouvia ela cantando e minha família é do Interior, lá  Cordeiro, no Rio de Janeiro, e tenho tias que cantam no coral da igreja, nossa casa sempre teve muita música envolvida. Com passar dos anos eu fui convivendo mais na exposição agropecuária, sendo um circuito que acontece no interior do Rio de Janeiro, então sempre tive oportunidade de assistir shows ao vivo, e isso fez muita diferença na minha formação e na minha admiração pela música. Ao longo dos anos também, antes de começar profissionalmente, sofri muita influência dos amigos do meu irmão, principalmente o Rafael e o Forage que é produtor musical do Oriente durante anos. Rafael era um cara roqueiro e guitarrista que me mostrou toda a cena do punk-rock da Califórnia, como Bad Religion, Offspring, Pennywise, Green Day, e aí por diante. Então, quando eu vi aquele moleque, aproximadamente da minha idade, tocando guitarra pra caramba dentro de casa, barulhando, tocando bem mesmo e não só fazendo barulho, eu via os estilos de vida que os caras das bandas tinham e aquilo me chamou atenção.

Quando eu estava no ensino fundamental, bem no final, meu irmão começou a estudar com o Forage e eu o conheci. No caso, ele era da sala do meu irmão, que era mais velho que eu, e o cara era completamente viciado em rap, tinha blogs, publicava CDs em formato .zip, porque na época baixávamos muita música assim… pesquisava o nome do álbum, achava algum blog que tinha o link e dava um jeito de baixar. Essas duas pessoas influenciaram muito essa minha parte profissional de olhar para a música e querer fazer aquilo. Os amigos do meu irmão foram cruciais nisso.

De 2008 a 2020, você passou pelos meus prestigiados palcos do país, tais como Planeta Atlântida, Rock in Rio, Pepsi Twistland, e Yo! Rap Festival, onde se apresentou com o grupo Oriente. Considera que esses anos foram vitais para o alavancamento da sua carreira? Como eram os bastidores desses eventos?

Com certeza esses anos foram vitais, muitos aprendizados nesse tempo de trampo e os bastidores eram ótimos. Foi graças a esses festivais, além de outros citados aqui, que pude fazer o meu network, conhecer pessoas, artistas… Eu me enfiava no camarim de todo mundo, ia lá, batia na porta, me apresentava, geralmente as pessoas que já me conheciam faziam aquela resenha. Alguns membros do grupo eram mais reservados, porém, a gente sempre recebia visita no camarim, era um ambiente muito alegre e tranquilo, graças a Deus. Nós também nunca fizemos diferenciação entre equipe técnica, produção e banda, era todo mundo no mesmo camarim e convivendo no mesmo espaço. Nós víamos algumas bandas segregando os músicos ou artistas do resto da equipe técnica, porém, sempre fomos todo mundo junto no mesmo camarim, bagunça, zoeira, diversão, trabalho muito focado, sempre fazíamos nossas mentalizações antes do show e depois do show vinha aquela resenha boa.

Não só apenas nos palcos, a sua atuação na indústria fonográfica também se estende às partes burocráticas do mercado, como registros de obra e fonogramas. Na sua opinião, o trabalho de um artista vai muito além daquilo que o público pode ver no palco ou escutar na voz de suas músicas?

Com certeza, sem sombra de dúvida, eu acredito que o artista de hoje, de 2023 já, ele tem a mente do futuro, inovadora, ele tem que ser multifacetado. Não tem como, no cenário atual, o artista simplesmente fazer uma das funções. Até tem depois que você começa a contratar pessoas para trabalhar com você, mais o artista tem que entender como ele trabalha dentro desse ecossistema da indústria fonográfica, porque é uma indústria cruel com uma competição absurdamente grande, a quantidade de lançamentos que tem por dia é absurdo, quantidade de músicas sem mensagem dando certo é absurda, então o artista tem que saber muito bem o que ele quer passar nas músicas dele, as mensagens, olhar em volta e reparar em quem são os melhores profissionais que podem fazer alguma espécie de trabalho com ele. Como diria meu pai, para você poder mandar, você tem que saber fazer.

O artista, hoje em dia, ele tem que permear todas as funções de uma carreira independente para conseguir não cair em furada quando ele chegar a uma oportunidade de contratar pessoas, seja fechando contratos, empresários, produtores, etc. Eu posso dizer que fiz todas as funções dentro do mercado da música independente, tirando a parte de montagem de palco, porque eu estava em cima do palco, porém, acompanhei todos os processos e todas as funções que dá para fazer dentro da indústria e as opções são infinitas, mais não tem como ser mais aquele artista interprete, pois se você olhar todos eles que se caracterizam como intérpretes, eles são cercados de bons compositores, eles sabem com quem querem trabalhar, quais são os produtores, sonoridades, mensagens, e é só descobrir os meios para conseguir isso, porém, tem que ter a vontade, a ideia, fazer muito além do que só subir no palco e cantar.

Além de cantor, você também tem um lado empresário bastante forte, tanto é que seus conhecimentos técnicos o levaram a criar sua própria empresa de distribuição digital que é a MusicPRO, onde atua hoje como diretor de marketing, além do selo Original Boca. O que o aproximou mais desse lado empreendedor e qual a importância desses tipos de empresas para os artistas que buscam caminhos independentes das gravadoras?

Hoje eu não faço mais parte da diretoria da MusicPRO, eu não tenho mais um cargo executivo, porém, a empresa não surgiu das minhas mãos ou dos meus braços. Eu sou um dos sócios, um dos integrantes do conselho, uma das pessoas que estava ali junto, porém,  a ideia partiu do José Moretoni e do Ivson Reis, meus dois sócios. O José é programador e desenvolvedor, foi ele quem fez o aplicativo, e acredito ser muito importante esse tipo de caminho porque a gente vai de encontro a escravidão mental, porque querem que seguemos um caminho que todo mundo segue, que todo mundo vê e ninguém quer que você abra um novo caminho e dê outras oportunidades. Porém, sabemos que com o passar do tempo não tem como viver sendo refém, então através da distribuição digital e do mercado independente, a gente consegue trazer essa libertação para as pessoas que muitas vezes estão presas naquele ideal de que é preciso entrar em uma gravadora para fazer sucesso.

É ótimo quando você tem uma gravadora e uma equipe junto, eu já fui da Sony Music, então não tenho nada contra as gravadoras, muito pelo contrário – quem tiver em uma posição de mercado e que realmente possa entrar em uma gravadora sem perder sua essência, sem perder seus ideais e sem ficar escravo ali daquela receita, daquela geração de receita da gravadora, se o artista tem diversas fontes e quer trabalhar em uma gravadora porque vê que naquele momento de carreira é importante para ele, vá que é ótimo! – porém, sabemos que essa chance chega para pouquíssimas pessoas. Então essas pessoas que não tem essa chance de chegar a um patamar ou pelo menos encontrar e conhecer alguém de uma gravadora, elas ficam presas aos sites, as empresas e coisas que geralmente são internacionais. A MusicPRO, eu acredito ser a primeira empresa de tecnologia com foco em distribuição digital do Brasil, posso estar falando uma grande besteiras, porém, se a gente não é a primeira, nós somos a pioneira, uma das primeiras. Hoje nós temos uma base de usuários bem grande, já ultrapassando 10 mil usuários na nossa plataforma, e hoje conseguimos através do mercado independente fazer com que pessoas gerem receita e vivam da sua música.

Temos relatos de pessoas com deficiência física que estavam em depressão e que através da música e da criação de beats e que através da plataforma de lançamento de músicas da MusicPRO, conseguiram ver um pouco de receita das suas obras. Tem gente que conta relatos que trabalhava em um serviço completamente abusivo e fazia música, e que através da MusicPRO, ele conseguiu gerar receita e sair daquele emprego.

Então, isso é libertador. Eu não sei quando isso me chamou atenção, porém, eu sempre fui uma pessoa ligada muito na imagem, dei importância à linguagem não verbal, como você se comunica através da sua roupa, da sua postura, e eu cresci com um pai muito organizado financeiramente, apesar dele não me contar nada, ele era muito viciado em planilha, faz de tudo e sempre foi muito organizado, então tive essa referência dentro de casa que me fez prestar atenção nas burocracias do mercado, pois ele é muito volátil. Se você ficar preso a parte criativa, você entra nesse furacão e acaba sofrendo muitos altos e baixos, então meus pais sempre me alertaram sobre eles na indústria da música e para eu não sofrer com isso, resolvi entender, estudar e me aprofundar nessa área.

Apesar de ela estar cada vez mais em avanço e no caso da música, já ter deixado de lado os holofotes que a mídia física tinha as plataformas hoje são uma das principais ferramentas para alavancar os projetos dos artistas, e muitos ainda não dominam essas questões de distribuição que sua agência faz. Nesse caso, qual é a sua opinião em relação às dificuldades que levam os artistas a procurarem essas empresas ao invés de estarem se lançando sozinhos em suas carreiras?

Novamente, só contextualizando melhor aqui, a empresa, ela não é uma agência, e sim uma empresa de tecnologia com foco em distribuição musical. Eu acredito que o mercado independente da música, ele é muito carente de informação, de mestres, de acervos para você estudar, artigos e coisas do tipo. Aqui na MusicPRO, temos o propósito de diminuir essas dificuldades de aprendizado dos artistas e fazemos questão de estar sempre ensinando muito, seja através das nossas redes sociais ou através do nosso blog. Temos um blog com postagens quinzenais que falam um pouco sobre as dificuldades do mercado da música, passa algumas dicas, porém, acredito ser normal esses artistas passarem por essas dificuldades e é difícil se lançar sozinho sim! O que eu enxergo e recebo muito de reclamação é sobre marketing, sobre como prospectar o seu lançamento, porque colocar uma música nas plataformas de streaming é razoavelmente fácil, não é uma coisa difícil, o que é difícil é o relacionamento, saber atender bem um cliente, passar as datas que ele precisa trabalhar, porque, para quem não sabe, um artista precisa enviar a música com no mínimo 21 dias antes da data de lançamento para que as plataformas possam colocar ele em playlists editoriais. Esse é um dos pontos que auxiliamos trazendo uma clareza para esses artistas, porém, é muito normal os artistas caírem nessa de procurar empresas, e acredito que isso vai começar a diminuir a partir do momento que eles já cheguem mais preparados no mercado.

Eu tenho esse compromisso pessoal de passar esse conhecimento do mercado fonográfico adiante, principalmente para a galera de 15 a 19 anos, a qual é a idade mais complicada, porém a melhor para o aprendizado. Acredito que quando eles chegarem ao mercado de trabalho mais instruídos, eles vão passar por menos dificuldades e vão conseguir fazer realmente seus lançamentos sozinhos. Não basta colocar nas plataformas digitais e entrar em playlists, porque isso todo mundo quer. Você tem que fazer um trabalho de marketing dentro das suas redes, fazer um trabalho bom de comunicação, gerar uma comunidade, uma série de coisas. Isso, sim, é o trabalho de uma agência – pegar o artista pelo braço e fazer o trabalho com ele.

A gente faz a distribuição digital, fornecemos ferramentas para ele aumentar o alcance da distribuição digital, possuímos um atendimento via chat para não ser aquele atendimento via e-mail em que você não recebe uma resposta e demora dias. Essas ferramentas fazem com que esse problema da informação e dos artistas diminua.

De uma coisa nós temos certeza, apesar de nos surpreendermos com os novos passos da tecnologia, ela sempre conseguirá nos pegar com seus avanços, e isso se tornou bastante perceptível com a praticidade que os aplicativos nos trouxeram, onde com apenas 1 toque na tela, conseguimos acessar toda uma diversidade de ferramentas. O que representou o projeto de criar o app da MusicPRO e quais foram as principais mudanças observadas com a inserção da sua agência nesse mercado?

Primeiramente, o que levou a criação do aplicativo foi o aumento da base de usuários. Fazíamos um trabalho onde toda a comunicação era por e-mail, e a partir do momento que começamos a fazer a distribuição digital do catálogo do Oriente e começamos a fazer de outras bandas também, foi enxergada a necessidade de criar o aplicativo para facilitar esses processos, principalmente de repasse de receita, efetuar pagamentos, conferência de resultados. Hoje conseguimos montar um aplicativo para apresentar essas questões aos artistas de uma forma fácil, nítida e simples, onde ele consegue subir sua música com a capa e a wave, o arquivo máster dela. Ele não precisa ter um computador, pode fazer isso pelo celular e de diversas formas.

A pessoa envolvida na música junto e está participando, ela vai receber sua receita também, e muito fácil fazer isso ali dentro. Eu acredito que o mercado da música está sempre mudando, vemos hoje o surgimento de NFTs, Metaverso, Web 3.0, toda essa parte que a música está adentrando também. O nosso objetivo é facilitar esse caminho e conseguir fazer com que mais pessoas entrem no mercado fonográfico e consigam viver disso. Acho que a principal mudança que observamos nisso foi ser uma alternativa mais simples, nacional e direta, porque os artistas se viam obrigados a estar dentro de empresas onde não recebiam as devidas instruções, muitas vezes eram ludibriados em um atendimento, porém, sabemos que em uma determinada quantidade é difícil de fazer, pois conseguir atender 50 pessoas muito bem atendidas, já é difícil, imagina atender 10 ou 20 mil pessoas. Sabemos que o mercado está crescendo e nós estamos acompanhando ele, porque não tem como ficar para trás.

Agora, a parte da Web 3.0 vem como uma inovação e nós também estamos fazendo parte dessa mudança de mercado para fortalecer ele diretamente porque sabemos que o mercado fonográfico, o caminho do dinheiro, tem vários pedágios. Ele é gerado através do direito autoral e conexo e para o artista receber esses valores, seja de fono-mecânico ou tocada em execução pública, seja a música em direito digital, streaming, players, etc, sabemos que tem muitos pedágios aí, pois o dinheiro fica uma parte na plataforma, outra na distribuição digital, e vai ficando essas partes. Através da Web 3.0 e essa inovação na venda de NFTs, acreditamos ser uma forma de fortalecer o mercado direto e diminuir a suas barreiras, então temos projetos lá também que estão sendo anunciados nesse último mês, e é isso, se manter atualizado.

Além da sua agência, você é diretor musical do canal Original Boca, onde apresenta singles com junções inéditas de artistas do cenário do rap, onde com cinco anos, o canal já tinha atingido 28 milhões de visualizações. Como foi pensado esse projeto para o YouTube e como tem sido sua experiência na direção desse projeto?

A Boca é uma empresa que também veio se transformando nos últimos anos. Ela era o braço de merchandising do Grupo Oriente, antigamente chamada de Boca do Oriente, até que vimos que poderíamos expandir essa parte de produção de merchandising para outros grupos. Chegamos a fazer trabalhos para a Ponto de Equilíbrio e para o 1Kilo, então com o tempo virou só a Boca. Com o passar do tempo percebemos que esse mercado de merchandising é muito perigoso, ele tem muitas falhas e muitos riscos, então vimos que o YouTube seria uma forma de gerar um patrimônio que fosse nosso, além de não sofrer com riscos de trocas, de artistas, por o mercado ser feito de trampolins e de passagens. Uma hora o artista está aqui trabalhando conosco e na outra ele recebe uma proposta melhor de fazer um trabalho com outras pessoas, então, vimos esse grande movimento de artistas que geravam receita para empresa através de suas taxas de distribuição digital mudar de empresa e com isso acabamos sofrendo um back, então, o canal foi uma forma de diminuir os riscos nesse sentido.

Desde o início do ano, quando comecei a me dedicar na minha carreira com o lançamento de “Querem Me Atrasar”, o meu primeiro clipe e que passei o bastão da direção musical para Brenda Guimarães, a nossa diretora de marketing na MusicPRO hoje em dia, também assumiu a minha pasta lá na diretoria, a minha função, e hoje ela vem fazendo um trabalho excelente. A proposta que eu queria para começar o canal, o que eu queria trazer para a cena, eram junções que os fãs nunca imaginariam que aconteceriam, coisas que passavam pela minha cabeça, músicas que eu ouvia e imaginava duas pessoas completamente diferentes cantando junta aquilo ali, foi o que me fez gerar esse canal. Foi uma época que estava muita em alta os Cyphers, eles estavam na saída, porém, pegamos essa transição para traçar outra metodologia, então comecei a pensar em criar singles inusitados. Consegui juntar o MZ com o Leal primeiramente, Rashid, Kamau e o SPVIC, o DK47, o Thiago Mac, a Akira Presidente, consegui junta Clara Lima com Dezzy Hollow, um californiano bravo de San Diego … Então eu imaginava quem iria cantar bem naquelas músicas e fazia os convites com a ideia de gerar uma música inédita, uma junção que falasse por si só. Com o passar do tempo também vimos ser importante ter uma constância, então criamos o Boca Sessions que foram temporadas mostrando novos artistas da cena, principalmente os que estavam trabalhando e distribuindo conosco, já estavam aqui dentro. Então, eu também fiz os convites, juntei os produtores musicais com os MCs e fizemos um trabalho bem interessante.

Acredito que para mim foi essencial fazer parte disso, ter idealizado o canal, ter feito as partes de comunicação ali da empresa, o marketing, toda essa parte de estratégia e agora o canal só tende a crescer, pois com cinco anos chegamos a 28 milhões de visualizações.

Falando um pouco sobre música agora, nesse ano você decidiu se dedicar a carreira solo e lançou o álbum “Por Que Não?!”, que além de ser um trabalho totalmente autoral, ele já conta com 12 faixas. Poderia revelar um pouquinho mais de sua história?

O álbum “Porque Não” foi concebido um ano antes de começar a pandemia. Em 2019, eu conheci o Florence, que é um produtor musical, artista, MC, interprete, guitarrista, multi-instrumentista, que é natural lá do Rio Grande do Sul, porém, ele estava morando aqui no Rio de Janeiro. Através dos beats dele, eu consegui criar cinco músicas. Ele me mandou um pacote de nove beats, e desses, eu escrevi em seis e uma das músicas não foi para o álbum, e hoje em dia já virou até uma música autoral dele. Esse processo foi muito de observações, porque eu havia criando músicas enquanto ainda fazia parte do Oriente, e eram músicas que não tinha muito a ver com a proposta do grupo, e eu decidi fazer isso por conta própria, porém, ainda sem muita noção do iria ser. No final de 2018, eu fiz a primeira música, e em 2019, eu desenvolvi o resto do álbum.

Na pandemia, mesmo assim eu ainda fiz muita coisa, porque ainda tinham músicas que faltava voz, então eu gravei no home Studio, comprei equipamento, tive todo esse trabalho de fazer essa captação em casa, fiz toda parte de convite, chamei todos os artistas que estão envolvidos, precisava dessa disponibilidade da galera de poder ter um estúdio à disposição próximo da sua casa para gravar a sua parte e me mandar. Eu curti bastante esse processo, foi muito interessante porque além de criar doze músicas, fiz questão de chamar um ilustrador e criar uma ilustração por música. Além da capa e contracapa serem ilustração, eu queria um trabalho mais denso, que eu pudesse colocar mais ester eggs, assuntos escondidos e mensagens mais profundas através das ilustrações.

Então, eu fiz esse trabalho bem complexo, bem denso e convidei também um artista de motion graphics para transformar todas essas ilustrações em vídeo. Quem fez as ilustrações foi o Wendel Araújo e o Jay Posibilite que fez os vídeos comigo. Foi uma experiência bem louca, começando do presencial e terminou no virtual. Quando a pandemia melhorou no início desse ano, eu fiz questão de ir lá a São Paulo para encontrar com o Jay e finalizar alguns dos vídeos pessoalmente, então, todos os vídeos ali têm alterações minhas, apontamentos e recalls, que a gente chama, então participei e dei uma liberdade muito grande para os artistas ficarem tranquilos sobre o que eles tinham que fazer e, ao mesmo tempo também participei de tudo. Fiquei muito feliz de ter conseguido colocar esse álbum para rua e saiu no dia do meu aniversário que é mais especial ainda.

Para essa questão da busca pela praticidade, juntamente com a relação cliente-empresário, a sacia pela inovação tem limites? Até onde você está disposto a inovar com a MusicPRO?

Eu acredito que a gente tenha sempre que estar buscando inovação, obvio de lembrar de que nunca se fira a cultura de ninguém, ferir as ideias, nunca fazer nada que vá afetar as pessoas diretamente, suas crenças e culturas, enfim. Toda essa parte, a inovação ela não tem limite, como falei em uma pergunta atrás, nos estamos adentrando o mercado da Web 3.0, um mercado completamente descentralizado, inovador e que ainda tem suas dúvidas. Ainda não é nada muito claro nem para quem está lá dentro, então às coisas mudam e aparecem inovações o tempo inteiro, mais graças a Deus hoje nós temos um time de desenvolvedores bem robustos, o Zé, que é o meu sócio, é o diretor de tecnologia, diretor de inovação, então fazemos reuniões periódicas para apresentação de inovações, e a galera tá ligada no mercado, está vendo o que está acontecendo, vendo o que o artista precisa, e se for para ajudar ele, quebrar correntes, nós estamos dispostos a fazer e não mediremos esforços para isso.

Queremos, sim, poder ajudar o máximo de artistas possíveis, fazer com que pessoas mudem suas realidades, porque assim como o YouTube pode acabar mudando a realidade de muita gente, uma música viral no TikTok, também pode mudar a vida de muita gente. Estamos ai para dar um suporte para que as pessoas possam ter as ferramentas necessárias para conseguir fazer isso, porque a gente sabe que é difícil e não adianta nada você bombar no TikTok se você não sabe como recolher receita disso, se não ver o dinheiro, que é gerado ali dentro. No YouTube é a mesma coisa, você não tem como subir uma música sem estar protegendo os direitos autorais dela. O mercado é sujo, é competitivo, então tem pessoas que sobem músicas para o YouTube porque descobriram que aquela música não tem os direitos autorais protegidos e inclusive fazem receita com isso. Hoje em dia já conseguimos identificar e repassar a receita para o dono original daquele conteúdo, então são inovações que ninguém vê, elas acontecem em prol da ajuda do músico, do artista, dessa pessoa que está ali tentando sobreviver, trabalhar e ganhar a vida com arte, que no nosso país, a gente sabe que é bem complicado.

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