“Histórias para Mães Dormirem” de Alzira Souza Umbelino Cardillo: uma leitura acolhedora para noites tranquilas

Conheça o Livro que Aborda as Emoções da Maternidade em 18 Contos Diferentes

Publicado em 09/05/2023 23:48
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Quantas mães ficam acordadas durante as madrugadas, preocupadas com os filhos e sobrecarregadas com as demandas da família? Alzira Souza Umbelino Cardillo escreveu o livro Histórias para mães dormirem para essas mulheres serem acolhidas com narrativas aconchegantes antes de adormecerem e terem uma noite de sono tranquila.

Em 18 contos, a autora dá voz a diferentes perspectivas femininas para mostrar a diversidade dos sentimentos da maternidade. Através de textos curtos e momentos simples, a escritora aborda as frustrações, os medos e as alegrias de ser mãe nas mais variadas fases da vida delas e dos filhos. Também apresenta múltiplos pontos de vista e contextos, das relações familiares no meio urbano até nas cidades do interior.

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Em “Aconchego”, por exemplo, uma personagem percebe as grandes diferenças entre duas gerações ao deixar sua filha passear no shopping com os amigos sem a presença de adultos pela primeira vez. No início, a garota sente vergonha das interações amorosas da matriarca, mas depois ambas percebem que esse carinho ainda é necessário em períodos de tensão.

Já em “Astronauta”, a protagonista fica feliz quando todas as suas crianças, agora adultos com suas próprias carreiras, retornam ao interior em que nasceram para passar um tempo com os pais. Por outro lado, no conto “Bordado”, a escritora destaca como esse distanciamento da família pode acarretar no abandono de memórias e vivências importantes durante o crescimento.

A mineira Alzira Souza Umbelino Cardillo é escritora, cantora lírica e professora formada em Letras, pós-graduada em Leitura e Texto e mestre em Literaturas de Língua Portuguesa. Na música, percorre uma tradição familiar de músicos profissionais, tendo firmado parceria com Belchior e gravado o CD “Alzira Cardillo – Uma Antologia de Belchior”. Na literatura, já publicou três livros individuais: “Mona”, “Interior de Mim” e “Histórias para mães dormirem”. Textos de sua autoria também foram selecionados em concursos como o Prêmio Sesc Brasília de Literatura Infantil Monteiro Lobato, em 2015, e o Prêmio Off Flip, nos anos de 2021 e 2022.

Associando com um acontecimento que acomete diversas mães – a preocupação com os filhos. Pensando nesse contexto, você acabou lançando o livro “Histórias para Mães Dormirem”, em que as narrativas acabam sendo aconchegantes e acolhedoras. Como foi que nasceu a ideia de escrever esse livro?

A ideia nasceu da junção de dois fatores. Primeiramente, eu, como mãe, sempre li e principalmente inventei histórias, no calor mesmo do momento, na hora das meninas irem para a cama, a fim de que elas dormissem mais rápido e suavemente. Elas gostavam muito. Foi um hábito que mantive durante a infância das minhas duas filhas, por gostar de contar, criar e também de ouvir histórias. Muitas vezes, depois das meninas dormirem, eu pensava que seria bom se alguém contasse uma história relaxante para mim, a fim de que eu pegasse no sono mais facilmente. Segundo, eu percebi em certo dia que havia em meu banco de textos, que é uma pasta no laptop com o título “textos meus”, certo número de contos que tinham mães como protagonistas. Pensei que seria bom um livro com a temática das mães, leve e despretensioso como aqueles textos que escrevi e, naquele momento, relia com prazer. A partir de então, iniciei a escrita de outros textos, porém já com a ideia da publicação e do tema central: histórias sobre o cotidiano de mães para o entretenimento e o descanso de mães, histórias para mães dormirem.

Da mesma forma que as histórias para dormir ajudam as crianças, para algumas pessoas é uma surpresa saber que elas também acabam funcionando com alguns adultos, ajudando a ter noites de sono tranquilas. Antes de lançar esse projeto para o público, você chegou a testar esse tipo de narrativa?

Sim, eu tive a felicidade de ouvir histórias contadas, lidas, pela minha filha caçula.Logo após ser alfabetizada, ela gostava de ler seus livros para mim, ambos já prontospara dormir, e a voz infantil e doce me provocava o relaxamento ideal para o sono. Outromomento que experimentei ouvir histórias contadas pela mesma filha foi após a revisãofinal dos textos de Histórias para Mães Dormirem. Dessa vez, eu pedi que ela lesse,queria fazer o exercício de me afastar da condição de autora e ouvir os contos, tentarperceber o efeito que poderia causar em outras mães. E foi muito agradável.

Em relação às histórias que são colocadas nessa coletânea, você dá voz a diferentes perspectivas femininas mostrando a diversidade dos sentimentos da maternidade. Apesar da imagem dessa preocupação maior com os filhos e do título fazer referência às mães, esse livro também poderia ser uma boa pedida para os pais?

Sim, também pode ser uma boa pedida para pais. Há pais tão mães quanto as mães; há tios e tias, padrinhos e madrinhas, irmãos e irmãs que são mães, ou seja, se apresentam com ternura materna na criação e educação das crianças que amam.

Alzira Souza Umbelino Cardillo (Foto: Divulgação)

Existem muitas teorias populares que afirmam que quando se vira mãe, acabamos adotando uma nova percepção do mundo, e é claro que isso reflete na preocupação com o mundo. Com base em suas observações, por mais que as mães também já conheçam um pouco do cotidiano das cidades, por que essa preocupação aumenta em cima de casos que já eram conhecidos pelos pais?

Penso que mães e pais adquirem o caráter protecionista desde a gestação. E isso é da natureza, bom que seja assim, porque os filhos, até determinada idade, necessitam mesmo de proteção, de cuidados, de alerta de perigo. O senso de cuidado e de responsabilidade é que acende o alerta em nós, como um luzeiro que se mantinha inativo antes da maternidade e paternidade. O conto Astronauta apresenta uma mãe em êxtase com o de seus filhos adultos, ainda que para um fim de semana, reunidos ao redor do fogão de lenha na cidade do interior. E qual a razão de tamanha felicidade? Acho que a proximidade, a possibilidade do toque, de perceber a condição física e emocional de cada um, olho no olho, cheiro no cheiro. Tudo isso é fruto do caráter protecionista que, na verdade, nunca vai embora.

Para podermos citar um exemplo, o conto de “Aconchego”, aborda uma personagem que percebe as grandes diferenças entre duas gerações ao deixar sua filha passear em um shopping com os amigos só com os amigos, pela primeira vez. Acredita que realmente exista essa divisória entre adultos e jovens, ou elas são criadas apenas no imaginário social?

Acredito no movimento natural de transformações sociais, em todas as sociedades, de geração para geração. Então, não penso que seja do imaginário social as mudanças de hábitos e costumes percebidos nos filhos, nos netos, nos bisnetos, por exemplo. É um fato concreto. Isso não quer dizer, porém, que seja uma barreira divisória, como se não fossem possíveis o diálogo e uma feliz coexistência intergeracional. Penso que diferentes gerações podem e devem conviver na harmonia, trocando conhecimentos e experiências, embora as diferenças, por vezes, assustem.

Sobre o conto de “Bordado”, nele é mostrado à situação de uma mãe que se machuca vendo o distanciamento da família e mostrando como tudo isso pode acarretar no abandono de memórias e vivências importantes durante o crescimento. Essa é uma preocupação de muitos pais, e sobre isso, acha que além dessas histórias acalmarem os pais, elas também podem acabar ensinando verdadeiras lições de vida para lidar com o cotidiano?

Eu penso que todos nós podemos aprender com as experiências dos outros, com as vivências de quem nos rodeia e de pessoas distantes de nós, vivências essas que de alguma maneira cheguem até nós, seja através de um livro, de um programa de TV, de um documentário, de relatos orais transmitidos por familiares, amigos, conhecidos. Vivemos numa grande rede interativa. As histórias, por menos que nasçam com o objetivo de ensinar, sempre transmitem ensinamentos.

Formada em letras, pós-graduada em leitura e texto e mestre em literaturas de língua portuguesa, poderia nos contar um pouco sobre como foi que a leitura começou a influenciar tanto na sua vida a ponto de tornar-se sua profissão? Poderia citar algumas influências ou escritor favorito?

Livros sempre foram uma paixão, desde muito menina gostava de ler, apreciava a solidão da leitura sentada em um canto de casa ou da biblioteca da escola. A opção pelo curso de Letras foi espontânea, natural. Na época que concluí o ensino médio, minha cidade natal, Itabira, em Minas Gerais, tinha apenas uma faculdade, a Faculdade de Ciências Humanas de Itabira, com três cursos: História, Ciências e Letras. Muitos jovens, os que tinham condições financeiras para tanto, saíam da cidade para cursarem o ensino superior em Belo Horizonte. No meu caso, mesmo se pudesse estudar em outra cidade, – a minha realidade não permitia -, eu optaria pelas Letras. Fiz o vestibular consciente de que era o que queria fazer, embora a gramática me assustasse bastante naqueles tempos. Porém, a literatura me fascinava e o sonho de tornar-me escritora crescia sempre mais. Durante o curso tomei gosto pela gramática também, o que não quer dizer que foi fácil. Grandes amores tomaram o meu coração naqueles anos e estamos juntos até hoje, começando pelo meu conterrâneo Carlos Drummond de Andrade. Escritores como Fernando Pessoa, Machado de Assis, Cecília Meireles, Florbela Espanca, João Cabral de Melo Neto, Padre Antônio Vieira, Raquel de Queirós, Clarice Lispector, Moacyr Scliar, Lygia Fagundes Telles, Cora Coralina, só para citar alguns, foram e são grandes influências para mim.

Em relação à crítica cultural especializada, que está presente em vários segmentos, como o cinema, a música, e também na literatura – como você costuma lidar com a crítica literária e ela costuma te influenciar de alguma forma?

Pessoalmente, nunca sofri uma recepção negativa, mas penso que estou preparada para quando acontecer, pois é uma consequência da exposição à qual se submete um artista de qualquer área, com o escritor não pode ser diferente. Gosto de ouvir, o que não quer dizer sempre acatar.

Qual a importância da literatura na sociedade, em sua opinião?

A literatura é uma das grandes riquezas de um povo, de uma nação. É a arte que registra em palavras as culturas das comunidades no decorrer dos tempos. Quando lemos uma obra de ficção de cinco séculos passados, por exemplo, temos em mãos um registro de hábitos, costumes, anseios, dificuldades, gostos e desgostos de uma época. O ser humano – o indivíduo e o coletivo – se enriquece intelectualmente e culturalmente graças à literatura. Ademais, a arte das palavras nos oferece um dos entretenimentos mais prazerosos que existe: a leitura.

FICHA TÉCNICA

Título: Histórias para mães dormirem
Autor: Alzira Souza Umbelino Cardillo
Editora: Conhecimento
ISBN: 978-65-86529-86-9
Páginas: 90
Preço: R$ 35
Onde comprar: Amazon | Estante Virtual

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*Com Affonso Tavares

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