João Côrtes comenta sucesso de “Encantado’s” da Globoplay

O ator, que estava morando nos Estados Unidos desde setembro de 2022, vinha se dedicando aos estudos e dublando as séries “Wolf Pack” e “1923”

Publicado em 19/05/2023 03:04
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De volta ao Brasil para gravar a nova temporada de “Encantado’s”, o ator João Côrtes é um dos confirmados em “Rio Connection”, trama da Globo em parceria com a Sony. O artista interpreta Alberto Martim, um diplomata brasileiro que se alia com a máfia italiana, que tinha o Brasil como ponto estratégico no escoamento das drogas, e se torna uma peça chave no tráfico de heroína para os Estados Unidos. Tudo isso ambientado no Rio de Janeiro dos anos 70.

Lançada primeiro no Canadá e em alguns países da Europa, a história gravada inteiramente em inglês conta também com nomes como Maria Casadevall, Marina Ruy Barbosa, o italiano Valerio Morigi, o francês Aksel Ustun, entre outros. 

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O ator, que estava morando nos Estados Unidos desde setembro de 2022, vinha se dedicando aos estudos e dublando as séries “Wolf Pack” e “1923”.

Atualmente o ator pode ser visto no Globoplay em um de seus trabalhos mais recentes, a série “Encantado’s”, nova comédia da plataforma. Sucesso na estreia, a trama tem como pano de fundo um mercado do subúrbio do Rio de Janeiro e que, à noite, é também uma escola de samba da classe D.

Fluente em inglês,  o ator vem nos últimos anos emendando trabalhos no idioma. O primeiro trabalho com o ator gravado na língua inglesa  chegou em 2021 no streaming HBO Max. Intitulada The American Guest (O Hóspede Americano), a série conta a história da expedição do ex-presidente Theodore Roosevelt e Marechal Rondon no Rio da Dúvida. João vive o cinegrafista da expedição, até hoje tido como um dos primeiros documentaristas do mundo, Thomaz Reis. Em seguida, foi disponibilizado no Globoplay “Passaporte para Liberdade”, nesta, João interpreta um militar nazista, a história se passa durante a Segunda Guerra Mundial.

Não bastasse, ele aguarda a estreia de The Journey, coprodução Brasil-EUA, gravada para plataforma de streaming a ser definida.

Por trás das câmeras, João, que fez sua estreia como roteirista e diretor com o longa-metragem “Nas mãos de quem me leva”, premiado em diversos festivais internacionais, entre eles as categorias Melhor Diretor e Melhor Filme no New Cinema Film Festival, em Portugal, e Melhor Roteiro no Seoul Film Festival, na Coreia do Sul, teve o filme “Depois do Universo”, em que assina a colaboração de roteiro, lançado na Netflix na última semana de outubro.

Após um tempo fora do país, você está de volta para a gravação de “Encantado’s” da Globoplay, além de promover a nova temporada de “Rio Connection”, uma produção em parceria da Globo com a Sony. Como estão as expectativas para voltar a trabalhar no Brasil?

Eu amo trabalhar aqui. Estava morrendo de saudades de um set de filmagem. Morrendo de saudade do elenco e equipe de Encantado’s também. É um projeto que me traz um prazer imenso em fazer parte. Vou trabalhar todos os dias com um sorriso no rosto. Me preenche. E ao mesmo tempo, está sendo incrível poder filmar a 2a temporada enquanto a primeira estreia na TV aberta. Todos nós celebrando o sucesso da série juntos.

Nessa nova produção da Rede Globo com a Sony, o seu personagem será o diplomata Alberto Martim, que se revela um aliado da máfia italiana, que tinha o Brasil como ponto do escoamento de drogas. Representar de forma cinematográfica uma realidade tão “pesada” da sociedade brasileira, é uma tarefa complicada? Como tem sido a construção do personagem?

Não foi tarefa fácil mesmo, foi um processo intenso e minucioso de preparação. Todos nós (elenco e equipe) demos o sangue para entregar o melhor possível. Foi puxado física e emocionalmente. Claro, por estarmos abordando questões como tráfico de drogas, crimes, abuso, violência… Tudo isso só aumentou a responsabilidade e o cuidado com que nos relacionamos com a dramaturgia. O roteiro já é fantástico, uma equipe de arte, figurino, produção, caracterização incríveis, e um elenco afiadíssimo. Eu me entreguei de cabeça para a personagem. E mesmo sendo um material “pesado”, o Alberto Martin tem uma energia irreverente, ácida, cômica, extravagante, o que de certa forma, trouxe alguma leveza pras cenas.

Além de estar acompanhado de outros grandes atores, a série que também foi gravada em inglês, acabou sendo lançada primeiro no Canadá e em alguns países da Europa. O que tem achado da recepção do público internacional e qual a principal diferença que percebeu do público brasileiro para o europeu/canadense?

Na verdade, eu ainda não sei muito sobre como foi a recepção do público internacional. Vou procurar saber! Preciso me atualizar… rsrs. O que eu soube recentemente é que a Índia amou a série. Foi um sucesso por lá, inclusive eles já estão pedindo a segunda temporada! A série ainda não estreou no Brasil. É uma série que tem tudo pra ser um sucesso.

João Côrtes (Foto: Italo Gaspar)

Desde setembro do ano passado, você esteve morando e trabalhando nos Estados Unidos, onde dublou as séries “Wolf Pack” e “1923”. Quais as principais diferenças que encontrou ao trabalhar com a dramaturgia americana?

Tem várias! É muito interessante observar e estudar a maneira como os americanos abordam o ofício. Tem muita técnica envolvida. É minimalista. A maioria das performances são construídas de dentro pra fora, e não o oposto. E isso faz com que as expressões sejam menores, mais sutis, mais concentradas no olhar. Não existe uma necessidade tão aparente de grifar as emoções, ou sublinhá-las de alguma maneira. Isso para a dublagem é bem saboroso. Te dá espaço e território pra brincar e explorar os diferentes tons e nuances.

Outro projeto que mostrou bastante projeção e que está no catálogo da Globoplay, é a série “Encantado’s”, e que agora vai entrar em nova temporada. O que tem achado de participar desse projeto?

Tem sido absolutamente maravilhoso. É um dos grandes presentes da minha carreira. Está sendo um processo tão gostoso, tão prazeroso. Desde o primeiro dia de ensaio. A sincronia e o amor que vibra entre cada um do elenco e equipe é surreal. E acredito que isso resulta 100% na tela, a química é muito real. Todos ali se tornaram amigos para a vida toda. São projetos como esse que me fazem continuar investindo nessa carreira, que me fazem querer continuar me dedicando a esse ofício.

O primeiro trabalho que você gravou em inglês foi “The American Guest” da HBO Max, e que conta a história do ex-presidente Theodore Roosevelt e Marechal Rondon no Rio da Dúvida. Como foi o significado desse projeto na sua carreira?

Essa foi uma das experiências profissionais mais fantásticas que eu já vivi. Mais profundas. Eu guardo esse projeto no meu coração com muito carinho. Foram 45 dias filmando na Amazônia, e mais 15 na Chapada dos Guimarães. Fiz amigos que trago até hoje, tenho memórias e histórias incríveis. Esse é o grande trunfo dessa profissão, poder colecionar experiências tão distintas, tão intensas. Realmente, foi o meu primeiro trabalho internacional, com atores e equipe do mundo todo. Então não foi apenas uma grande aventura, mas também uma troca cultural riquíssima. Tenho muito orgulho de ter feito parte disso. Juro que se pudesse, viveria tudo de novo.

João Côrtes (Foto: Italo Gaspar)

Um dos projetos mais pesados que pude ver na sua carreira foi “Passaporte para Liberdade”, também da Globoplay, onde interpretou um militar nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ocorrido durante esse período, o holocausto é considerado o período mais triste da nossa história como seres humanos. Quais foram os pensamentos que esse projeto trouxe e o que se pode aprender assistindo a representação de um momento como esse?

Eu encaro essa profissão como um esporte, sabe? Procuro me olhar e me analisar como um atleta emocional. Um atleta de mergulhos profundos. Quanto mais experiência você adquire e conquista durante a carreira, maior se torna a sua habilidade de dar mergulhos profundos e voltar à superfície com saúde, tanto mental quanto física. Digo isso porque “Passaporte para Liberdade” para mim foi um mergulho e tanto. Fiquei meses praticando o sotaque alemão, estudando o texto, assistindo documentários sobre a segunda guerra, entrevistas, depoimentos, lendo livros. Fui conscientemente me preenchendo daquela energia, daquele Universo, cada vez mais. Cheguei ao set para filmar e estava totalmente imbuído dessa atmosfera, e de verdade, muito pesada. A sensação predominante era de choque mesmo. É difícil conceber atos de tamanha desumanidade. De tamanha crueldade e perversidade. Quase como se a mente não fosse capaz de computar, sabe. Eu procurei não julgar o personagem porque isso seria interferir no meu trabalho, mas a lição que se aprende – a duras custas –   é do quão fácil o ser humano é de ser manipulado a fazer algo que vai contra seus instintos naturais. Do que o ser humano é capaz. É importante reconhecer a sombra que temos na nossa história, para que possamos reconhecer e celebrar a luz.

Uma produção que infelizmente ainda não temos muitas informações, nem mesmo de onde será lançada, você aguarda pelo lançamento de “The Journey”, uma produção multinacional entre Brasil e os Estados Unidos. Pode nos falar um pouco mais sobre a produção?

Olha, eu adoraria também ter mais informações sobre lançamento, plataformas, datas, enfim. Nós do elenco estamos ainda sem notícias. Isso é bem comum de acontecer, projetos grandes passam por milhares de fases de produção, lançamento, aprovações, enfim… Mas posso dizer que fui muito feliz fazendo “The Journey”. Pude filmar no sul do país, que foi algo novo pra mim. Conhecer Porto Alegre, trabalhar com uma equipe inteira gaúcha maravilhosa. Conheci amigos tão talentosos, generosos e de coração gigante. Pessoas que tenho parcerias e alianças artísticas até hoje. Fora que eu amo falar inglês, né? Então estar em um projeto bilíngue, com outros atores também bilíngues, foi uma delícia.

Falando agora de um passo maior ainda, você fez a sua estreia como roteirista e diretor com o longa-metragem “Nas mãos de quem me leva”, que além da sua primeira vez, recebeu vários prêmios internacionais. Como foi essa experiência de se trabalhar por trás das câmeras e principalmente receber esse grande retorno que a produção teve?

Eu verdadeiramente me apaixonei pela direção. Do fundo da alma. Me encontrei muito também na cadeira de diretor. Tive um prazer e um senso de preenchimento. E eu sempre amei escrever, sempre escrevi textos, crônicas, poemas, enfim. Mas tinha esse desejo de escrever um roteiro maior, de um longa-metragem. Demorou uns 8 meses, mas ficou pronto. E cada passo do processo foi delicioso. Desde as leituras do roteiro, em que pude reunir amigos atores, diretores, produtores para lermos juntos, até a pós-produção, colorir, trilha, montagem. Fizemos um longa 100% independente, sem ajuda de patrocínio ou lei de incentivo. Foi na raça e no amor à arte. Sou muito grato de ter atravessado esse projeto ao lado de tanta gente talentosa, dedicada, generosa, comprometida e profissional. Inclusive, estou terminando de escrever meu segundo longa, e quero dirigi-lo, com certeza.

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