Juliane Hooper lança seu álbum de estreia ‘Soulful’, explorando emoções e autenticidade no Neo Soul

Cantora e compositora apresenta um trabalho íntimo e diverso, refletindo sua jornada artística e emocional através da música

Publicado em 04/07/2023 14:20
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Juliane Hooper, cantora e compositora de Neo Soul, mergulha em suas emoções e transforma seus sentimentos em arte através da música. Após o lançamento de faixas melancólicas e dançantes, como “Soulless” e “Wasting Away”, ela agora apresenta seu tão esperado álbum de estreia, intitulado “Soulful”. O disco, que combina canções em inglês e português, reflete a jornada pessoal e artística da artista, que buscou sonoridades e letras autênticas que a representassem plenamente.

Inicialmente planejado como um EP, o projeto evoluiu ao longo de um ano de produção, sob a direção de Julio Mossil. Juliane percebeu a importância de cada faixa escrita e decidiu expandir o trabalho para um álbum completo, o que permitiu uma maior conexão com sua identidade musical. Durante esse processo, a cantora também fez mudanças na ordem das músicas, buscando representar a montanha-russa emocional que todos vivenciamos, em vez de seguir uma progressão linear do triste ao feliz.

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“Soulful” inicia com a faixa-título, uma música visceral que aborda a experiência de ter todos os sentimentos misturados. O álbum também traz uma abordagem política em “Se esgotou… faz tempo”, explorando o desconforto e o esgotamento de viver em uma sociedade capitalista com falsas promessas de liberdade. Em “Ainda Dói”, a única faixa não escrita por Juliane, a artista homenageia seu pai falecido, complementando uma poesia escrita por Mônica Paixão. A jornada emocional continua com músicas que abordam o término de relacionamentos, o amadurecimento e a reflexão sobre a vida adulta.

Com “Soulful”, Juliane Hooper convida os ouvintes a embarcarem em uma experiência real e profunda de autoconhecimento, oferecendo um retrato sincero de sua jornada pessoal através da música.

Como você descobriu sua paixão pela música e o que a motivou a seguir uma carreira como cantora e compositora de Neo Soul?

Não sei de um momento específico, mas não comecei quando criança nem tive influência de ninguém sobre arte. Quando eu tinha uns 23, 24 anos algumas pessoas me ouviram cantar em casa ou situações informais, e começaram a incentivar dizendo que eu tinha uma voz bonita. E aí comecei a cantar em uma banda, mas algo bem informal e não profissional. Depois de um tempo, percebi que eu gostava cada vez mais daquilo e quis comprar um violão, aprender a tocar, sem depender de outras pessoas. No início desisti de tocar, parecia muito difícil. Mas depois continuei e deu certo. Também me propus a tocar um instrumento para poder compor, que foi outra necessidade que senti enquanto fazia covers.

Queria criar algo, e é uma sensação maravilhosa. Sobre o estilo, para ser sincera, até hoje me acho uma mistura de muitos, e como ainda estou no meu primeiro lançamento, acho que isso vai ficando cada vez mais definido com o tempo. O Neo Soul é o que mais define no momento, fui pra esse estilo pensando nas minhas influências, timbres, tudo que eu usaria como referência de som. Era Soul, e durante a produção chegamos no Neo Soul.

Pode nos contar um pouco mais sobre o processo de criação do seu álbum de estreia, “Soulful”? Quais foram as principais inspirações e desafios durante esse período?

Meu principal objetivo com esse álbum era criar uma obra que me representasse completamente, que tivesse a minha cara. Queria que meu primeiro trabalho pudesse mostrar ao ouvinte quem eu sou, qual minha identidade vocal, sonora, e as coisas que sinto e penso. São letras fortes e melodias que eu criei sem regras e padrões, das mais diversas formas. Até chegar nesse trabalho, tive outras experiências de gravação e produção, mas elas não eram exatamente o que eu queria e não me representavam.

Aí cheguei ao Julio Mossil, ouvindo as produções que ele tinha feito, e gostei muito. Nos identificamos na arte, no som, e como pessoas. Essa identificação é essencial para mim, até na minha banda com os músicos que tocam comigo. Gosto de ter uma boa relação e me identificar com eles. Resumindo, todos gente boa haha. Essas coisas fazem parte do som e da arte também.

Você mencionou que as faixas do álbum foram rearranjadas para transmitir uma experiência mais autêntica dos altos e baixos emocionais. Poderia explicar como essa mudança acrescentou significado ao projeto?

Eu praticamente inverti a ordem narrativa do álbum. Antes, Soulless abriria e fecharia com Soulful. Mas durante a produção isso não fazia mais sentido, a narrativa e apresentação do álbum é de que nossas emoções não são lineares, do triste ao feliz, e sim uma montanha-russa. As músicas conversam entre si, os temas são relacionados e se completam, e essa narrativa e ordem nova que defini conta bem a história. Para quem for ouvir na ordem, também faz sentido as transições.

Qual é a mensagem central que você deseja transmitir com as letras das suas músicas? Existe algum tema recorrente ou uma história que você está contando por meio delas?

Que todos os sentimentos são válidos e deve, ser experenciados. Às vezes a gente quer evitar a tristeza, solidão, vazio…, mas eles existem e não anulam os sentimentos positivos. O álbum fala muito sobre depressão, luto, e uma pessoa passando por isso e refletindo sobre isso, chegando às suas conclusões.

A maior parte dos temas que escrevi são sobre coisas que já aconteceram há algum tempo, já foram concluídas. Sinto mais facilidade de escrever sobre algo que já passou, mas não é uma regra. As mais atuais eu diria que são “Soulful e Se Esgotou… Faz tempo”. “Se Esgotou” foi a última letra que escrevi para o álbum, faz pouco tempo. A faixa “Ainda Dói” foi a única letra que eu não escrevi. Era um poema que minha amiga Mônica Paixão escreveu sobre o luto pelo pai dela que nos deixou. Ela me enviava essas poesias, eu amei muito essa e decidi fazer uma música, ela adorou a ideia. Essa música já teve umas 4 ou 5 versões diferentes, eu testei de diversas formas com outras melodias e instrumentais, acordes… e não estava satisfeita com nada. Até que eu peguei o instrumental de uma música que eu tinha em inglês, e encaixei a letra de Ainda Dói nela. Então essa melodia de Aind Dói era um som em inglês antes. Acredito que ficou perfeita, da melhor forma possível, eu editei algumas palavras, acrescentei um parágrafo e esse foi o resultado.

A “Soulful” é uma música que fala sobre alguns dos sentimentos de “Soulless”, mas com mais poder, autonomia e independência. Ser imponente, saber quem você é, de como você é foda e deve ser seletiva com situações e pessoas.

“Se Esgotou… Faz Tempo” é sobre se sentir esgotado na sociedade que vivemos e com as demandas e expectativas impossíveis que o sistema joga sobre nós. Ainda que não tenhamos tempo, (estamos sempre tentando sobreviver e trabalhar para pagar aluguel) e que nada mais importe, eu não aceito o superficial e o medíocre. Falo sobre mim mesma, em um momento de perceber que a nossa ingenuidade ou inocência vai “desbotando” com o tempo, ao envelhecer. E não volta mais. Você fica mais esperto, sabe da realidade das coisas, mas não de uma forma pessimista, e sim de ter consciência daquilo.

Algumas das outras faixas falam sobre luto e superação de relacionamento que precisou acabar, e reflito sobre os acontecimentos.

Juliane Hooper (Photo: Evandro Feliciano)

Como foi trabalhar com o produtor Julio Mossil na criação do seu álbum? De que maneira essa parceria influenciou a sonoridade e a direção artística do projeto?

Foi incrível! Isso influenciou totalmente. O Julio foi um produtor que conseguiu tirar minha essência, e o melhor das minhas composições, sem me “mudar”, mas sim me fazendo crescer e amadurecer. Fazer exatamente o que eu queria, um som que me representasse e que fosse a minha cara. Eu não poderia ter feito uma escolha melhor, o resultado está perfeito, ele fez a produção e a Flávia K fez a direção vocal. Aprendi demais com eles dentro do estúdio, a evolução de “Soulless” e “Wasting Away” para as outras faixas é nítida. Elas foram as primeiras que gravamos e produzimos, e eu vejo uma grande evolução para as outras faixas. Amo todas, mas vejo uma diferença. Enfim, aprendi demais dentro desse estúdio, com certeza sentirei saudade, e quem sabe ainda faremos outros sons juntos. Eu amei o processo e o clima no estúdio é muito bom. Por exemplo, se eu estava num dia ruim, triste ou de tpm (ou todos hahaha) eu ia para lá gravar e voltava outra pessoa, com outro humor. Essa é a definição da arte que fazíamos lá e as ideias que trocávamos.

Você canta em inglês e português no álbum. Existe alguma diferença na forma como você se expressa nessas duas línguas? Como você decide em qual idioma compor suas músicas?

Acho que isso tem cada vez mais se igualado, é uma questão do que ouço e o que me influencia no momento. Antes eu tinha mais facilidade de escrever e compor em inglês, por influências mesmo, eu aprendi inglês ouvindo música e vendo filme, então tinha um apego a isso. Hoje acho que tem se equilibrado, só acho a nossa língua mais rica e por isso é mais completo para mim, encaixar nas melodias. Mas depende do que estou ouvindo mais.

Não sei se eu decido, eu só deixo sair o que vem à cabeça. Algumas sim eu escolho, na hora que inicio penso sobre isso e qual o objetivo, o que eu quero daquela música.

Além da música, você mencionou que encontrou na arte uma forma de expressar suas emoções. Você poderia compartilhar um pouco sobre essa relação entre arte e emoção na sua vida?

Alpem de música, eu gosto muito de cinema, de séries, e isso influenciou totalmente e sempre trouxe à tona os sentimentos. Para mim, isso é arte. A arte que me toca é a que comove, que provoca, que fala de coisas importantes, que reflete.

O lançamento do seu álbum está se aproximando. Como você está se sentindo em relação a esse marco importante na sua carreira? Quais são as suas expectativas e esperanças para o lançamento?

Estou muito feliz com o lançamento, é algo que esperei muito e queria há muito tempo. Estou feliz de ter atingido o objetivo de uma obra que me represente tanto como essa. Minha expectativa é que abra portas e seja só o início de muitas outras obras.

Juliane Hooper (Photo: Evandro Feliciano)

Como você imagina que sua música possa impactar e conectar-se com o público? Existe alguma mensagem específica que você gostaria que as pessoas levassem consigo ao ouvir suas canções?

Por identificação com os temas que mencionei, quero que as pessoas sintam e se identifiquem, talvez por já terem se sentido assim, ou até chegarem a alguma conclusão passando por algum momento na vida delas. Mas cada um tem sua interpretação ao ouvir e ler a letra, e isso é muito legal. Se alguém ouve a música e tem uma interpretação diferente da minha, acho isso incrível e gostaria de saber. É interessante ver as diferentes formas que as mensagens podem chegar e ser interpretadas.

Gostaria que levassem a mensagem de que você não está sozinho ao sentir qualquer emoção. Que muitas coisas não estão no nosso controle, e que isso não precisa ser negativo.

Quais são seus planos futuros na música? Há alguma colaboração ou projeto especial que você gostaria de realizar?

Sobre projetos futuros, sim, tenho algumas colaborações que quero fazer. Mas o maior plano atual é do show de lançamento do álbum, marcado por dia 6 de agosto no Whiplash Bar 18h.

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