Sensibilidade

Mayah encanta com o single “Esquinas” e anuncia EP “Venusiana” repleto de poesia

Cantora e compositora paranaense revela sua veia artística em uma mistura cativante de MPB, rap e música alternativa, explorando paixões cotidianas em sua estreia no cinema e no aguardado EP

Publicado em 02/08/2023 02:00
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A cantora e compositora Mayah nos envolve em uma mistura musical envolvente de MPB, rap e música alternativa, através do lançamento do single e clipe “Esquinas”. Essa faixa é um prelúdio do seu aguardado EP de estreia, intitulado “Venusiana”, que tem como proposta a busca do feminino através de poesia e sensibilidade.

Em “Esquinas”, Mayah nos convida a mergulhar em paixões cotidianas e envolventes que permeiam nossas vidas, explorando o cenário das ruas como um lugar de possibilidades, surpresas e encontros afetivos. A artista reflete sobre o afeto como uma via de transmissão, permitindo que o outro seja acolhido de forma espontânea e que ela mesma transcenda as fronteiras do seu próprio ser.

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Nascida e criada em Pérola D’Oeste, interior do Paraná, Mayah é uma multiartista e psicóloga social. Sua trajetória artística começou cedo, aos 6 anos, participando de festivais de música e apresentações com grupos locais. Desde então, sua carreira musical tem crescido, com apresentações em importantes palcos de Curitiba, onde atualmente reside. O EP “Venusiana” promete ser um mergulho poético e revolucionário, contado através de 5 videoclipes dirigidos por mulheres, enaltecendo o poder criativo e contemplativo do amor em todas as suas formas.

O single “Esquinas” já está disponível em diversas plataformas de streaming, assim como o canal da artista no YouTube, proporcionando ao público uma experiência única e apaixonante em seu universo musical. O EP completo está previsto para ser lançado em 2023, com o apoio do Fundo Municipal de Cultura de Curitiba e da EBANX. Com uma voz marcante e uma mensagem poderosa, Mayah nos convida a acompanhar sua jornada artística repleta de significado e autenticidade.

Como surgiu a inspiração para o single “Esquinas” e como ele se relaciona com a temática do EP “Venusiana”? 

Esquinas é uma canção-poema, que traz em sua origem as sensações que a rua me desperta, como via de passagem e veia da inspiração que corre e mantém a cidade circulando – como se a poesia fosse o sangue que mantém a cidade viva. São percepções dos meus primeiros anos vivendo em Curitiba, vinda do interior, tudo é novo, tudo desperta curiosidade, contemplação e inspiração. Pra mim, esse também é o estágio inicial do amor – aquele que surge do inesperado e está em tudo, e se parar pra contemplar, vai encontrar. Assim como meu coração se encontrou pulsando e transbordando no frio e cinza de Curitiba, nas mesmas ruas, há 40 anos atrás também pulsavam o coração, as veias e linhas do poeta Paulo Leminski. Esquinas fala de afeto, sobretudo, de como a poesia das ruas é capaz de nos inspirar. 

Pode nos contar um pouco sobre o processo de criação e produção do clipe de “Esquinas” e como ele contribui para transmitir a mensagem da música?

O videoclipe de Esquinas foi criado por muitas mãos, tendo como panorama, as frias ruas de Curitiba. Inicialmente me reuni com a equipe de 4 diretoras e 1 figurinista, para apresentar as ideias visuais que tinha pensado. Desde a composição, eu já imaginava que teria que ter dança, quando conheci a Jully dançando em um evento de Rap. Então tive certeza que ela seria a dançarina que me acompanharia na performance. Buscamos explorar de forma poética e visual esses aspectos tão intrínsecos à inspiração que a rua provoca – o encontro. 

O EP “Venusiana” aborda a busca pelo feminino com muita poesia. Como você descreveria a atmosfera e as temáticas exploradas nas outras faixas do EP?

A ideia é que cada canção aborde um aspecto de amor enquanto uma ação prática – contemplação, inspiração, descoberta de si, desejo e coletividade. Esses também são características que encontrei ouvindo e estudando música preta brasileira, como o samba, o rap e o soul, por isso, me guiei ritmicamente por esses gêneros e culturas, para transmitir uma sonoridade que genuinamente suscite esses sentimentos. 

Quais são suas principais influências musicais e como elas se refletem em seu trabalho como cantora e compositora?

Cresci ouvindo música caipira, ali já percebia que de alguma forma as composições contavam histórias e eram carregadas de sentimentos. Aos 10 anos, conheci o trabalho do Emicida e considero isso um marco na minha vida, porque me apresentou à cultura hip-hop e à uma visão de mundo, um tanto quanto distante do lugar e da realidade onde eu vivia. Mas que me emocionava e me fazia querer pesquisar sobre o que ele estava dizendo naquelas rimas – abriu meus olhos e minha mente para pensar de forma crítica. Depois, conheci a obra de Gilberto Gil e me apaixonei perdidamente por sua originalidade tão singular e ao mesmo tempo tão plural como nossa cultura – me trouxe um senso de pertencimento, de querer saber das minhas origens. Na minha concepção, fazer música está para além de uma expressão artística, é uma forma vasta de ser e estar no mundo. Umas das coisas que mais amo é pesquisar músicas, artistas e saber de suas histórias, de que lugar vêm o que estou ouvindo – por isso, dedico boa parte do meu tempo como ouvinte, explorando discografias de artistas como Maria Bethânia, Ângela RoRo, Erykah Badu, Mayra Andrade, Mahmundi e Céu.  

 Como foi a parceria com o produtor musical Brasileiro na produção do EP? Como ele contribuiu para a sonoridade e a identidade do projeto?

Conheci o Brasileiro no início de 2020, através do coletivo In Pine Recordations. Lá era um dos poucos lugares que visitei durante a pandemia e foi o que “salvou” o momento em que estávamos vivendo, porque nos juntamos pra fazer música e isso nos fortaleceu quando tudo era incerto. Gosto muito da identidade que o Brasileiro traz em suas composições, acho que faz todo sentido ele se chamar assim porque suas letras e batidas trazem o “tempero brasileiro” das ruas – justamente o que eu estava buscando para essa música. E assim como a leveza dos dias de muita rima e beat que dividimos durante o isolamento, Esquinas foi criada com essa energia. 

O conceito de “Venusiana” está relacionado ao arquétipo de Vênus enquanto um estado de espírito de amor e prazer. Como você enxerga a potência revolucionária desse amor na atualidade?

É comum que em nossa sociedade que acreditemos que o amor é tão somente um sentimento ou emoção, mas o pensamento de bell hooks tem me feito perceber que toda essa inspiração e poesia que sinto no amor e no prazer, é a força movente que me faz querer criar. No ep Venusiana trago o amor enquanto uma ação prática, que está em tudo – é a base. É revolucionário porque nos exige estar presente e consciente, em perceber como nos sentimos, o que e quem nos atravessa, de quais formas, pra onde nos leva… é pensamento crítico, porque a partir do momento que percebemos o impacto do amor e do afeto em nossas vidas, com nós mesmas e em coletividade, podemos pensar em nossas escolhas e o que realmente faz sentido para o mundo que queremos e os valores que almejamos.

Mayah (Foto: Divulgação)

 O EP contará com cinco videoclipes dirigidos por mulheres. Qual é a importância dessa escolha e como cada videoclipe complementa a narrativa do EP?

Tirar uma ideia visual da cabeça e trazer pro concreto, é sempre um grande desafio, ainda mais pra alguém que faz questão de em tudo (ou quase hehe) ter um significado – por isso, trabalhar com mulheres foi imprescindível. Os primeiros 4 videoclipes foram gravados em duas diárias, uma missão que só foi possível porque a Salted abriu as portas e abraçou a ideia. Nos juntamos para construir essa jornada conectando a narrativa de cada videoclipe à ideia central do ep: o afeto. O cenário principal, tem como pano de fundo o cotidiano criativo onde as atividades comuns, como por exemplo varrer a casa e lavar a louça, se tornam momentos onde a criatividade encontra espaços de afeto e descoberta de si, para ser – de forma semelhante aos momentos onde surgiram as composições durante o isolamento social.

Como você descreveria sua jornada artística até o momento e quais são suas expectativas para o lançamento de “Venusiana” e sua carreira como artista?

Iniciei cantando na igreja aos 6 anos de idade, nos festivais da escola e nas rádios da minha cidade natal (Pérola D’Oeste). A vontade e o sonho de viver da arte sempre esteve ardente dentro de mim, mas por estar distante da minha realidade, segui outro caminho que foi cursar Psicologia. E uma coisa complementou a outra, pois quando vim pra Curitiba para estudar, logo de início me conectei com as artes de rua, me apresentando nas calçadas do centro da cidade e em saraus. Quando entrei no estúdio pela primeira vez para gravar Ciclos, tive certeza que era isso que eu queria pra minha vida, cantar e fazer música. Depois conheci meus irmãos do Rap e fui compreendendo que fazer música também é uma forma de lutar, disseminando conhecimento histórico-cultural – é um fazer político. Essas são as minhas bases, fazer arte por amor e revolução. Colocar minha voz no mundo é dar voz para quem abriu caminho para que eu possa falar e cantar hoje – esse é o impacto que almejo causar em quem se conectar com a minha arte: afeto, do verbo afetar-se, se perceber, sentir, se inspirar, pensar, se questionar. E que chegue em quem tiver que chegar, de forma verdadeira. 

Além da música, você também é psicóloga social. De que forma essa área de conhecimento influencia seu processo criativo e a abordagem das temáticas em suas letras?

A Psicologia Social Crítica, que é uma abordagem originalmente brasileira, exige que meu olhar para a realidade como ela é, compreenda a cultura e o contexto histórico em que a subjetividade está constituída – ou seja, exige observação, contemplação e elaboração, buscando sempre descolonizar o pensamento, investigando as origens de quem sou e dos padrões sociais que moldam as nossas subjetividades. Ainda mais, almejando ir além disso, usando a criatividade para pensar em novas formas de existir e se expressar que respeitem minhas origens, minha ancestralidade e o que quero promover no mundo. 

Quais são seus planos para o futuro? Podemos esperar por shows ao vivo e novos projetos após o lançamento de “Venusiana”?

Sonho grande hahaha é isso que me move e eu gosto de fazer acontecer. Já temos um show de lançamento previsto para 2024, no Teatro Paiol. Mas até lá, muita água há de rolar. Algumas parcerias  já estão acontecendo e serão divulgadas em breve. Venusiana é só o começo da jornada, porque o afeto e a vontade de fazer música estão em tudo, e o que eu quero é  expandir, conhecer outros lugares, sonoridades, jeitos de fazer música e culturas. 

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