História de Sucesso

“O Equilibrista”: A trajetória de Manoel Horácio, um dos maiores executivos do Brasil

Descubra os segredos de liderança e superando desafios na autobiografia de um visionário empresarial

Publicado em 10/07/2023 12:24
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Manoel Horácio Francisco da Silva, um dos executivos mais respeitados do Brasil, lança sua autobiografia intitulada “O Equilibrista”. O livro, publicado pelo selo Edições 70 da editora Almedina Brasil, retrata a trajetória deste renomado líder empresarial, desde sua infância como vendedor de flores até sua demissão polêmica como CEO da Telemar. A obra aborda temas como liderança, reestruturação de empresas e a importância da imagem profissional, com prefácio assinado por Horácio Lafer Piva.

Com uma narrativa organizada em blocos temáticos, “O Equilibrista” mergulha na vida e carreira de Manoel Horácio, explorando sua ascensão a cargos de destaque em empresas como Ericsson, Sharp e Telemar, além de sua atuação como chairman da TIM Brasil e presidente do Banco Fator. Reconhecido como um habilidoso reestruturador de empresas, Manoel se tornou um dos executivos mais admirados do país, recebendo prêmios e sendo acompanhado de perto pela imprensa especializada.

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A história de Manoel Horácio é uma fonte de inspiração, destacando sua capacidade de criar oportunidades em momentos desafiadores. O livro revela depoimentos sinceros do autor, mostrando que nem sempre as coisas saem como planejado, mas que as mudanças muitas vezes ocorrem no momento certo, proporcionando experiências valiosas. Nascido em Portugal e estabelecido no Brasil desde a infância, Manoel encarou desafios desde cedo e construiu uma carreira de sucesso baseada em sua determinação e habilidades de liderança.

A autobiografia também revela o lado pessoal de Manoel, retratando sua vida familiar ao lado de Maria Lúcia, com quem é casado desde 1969, e seus dois filhos. Atualmente aposentado e convivendo com a doença de Parkinson, Manoel continua ativo nos negócios da família, desfrutando de suas paixões pela música e pela poesia, e compartilhando suas experiências e conhecimentos valiosos com o público.

O livro “O Equilibrista” conta a história da sua vida e carreira. O que o motivou a compartilhar sua trajetória através dessa autobiografia?

A principal motivação foi contar a minha história para os meus filhos e, principalmente, para os meus netos, que não acompanharam na maior parte do tempo a minha carreira. A segunda, foi de estimular pessoas mais humildes a estudar e batalhar por um futuro melhor para si e, consequentemente, para o país, através de ações empresariais que estimulem a criação de valor. Embora pareça ser uma contradição falar em reestruturação e sempre vem à tona possível redução de empregos no seu início, reestruturar é muito mais do que isso, é criar eficiência numa organização e criar economia, aumento de valor.

Pensei em contar para os jovens executivos uma experiencia de gestão e liderança.  A grande surpresa foi ler o que meus dois filhos me escreveram após a leitura do livro.  Acompanharam toda a minha trajetória e descobriram um novo pai e profissional, não percebidos durante suas vidas. Como exemplos dos seus comentários, deixo algumas colocações de minha filha:

“Agora, o mais incrível de tudo, é que enquanto eu ia lendo e me escabelando com tudo que você fazia, desfazia, resolvia e arrumava de sarna para se coçar, eu via as datas e me lembro que você me levava para a escola. Chegava em casa e dava um assobio para pararmos de brincar na rua e entrar. Fui crescendo, mas nunca tive um pai ausente ou nervoso dentro de casa. Não sei onde estava esse leão dos negócios, em casa foi sempre meu pai, nos ensinando a sermos íntegros e respeitosos, sermos fiéis, a sermos felizes com um sanduíche de mortadela ou o caviar do viking, a agradecer a Deus sempre por termos muito mais do que precisamos…”.

Do meu filho o depoimento também é longo, mas deixo algumas frases: “Após a leitura do livro, percebi que sou muito mais parecido com você do que eu imaginava… Me emocionei, várias vezes durante a leitura! Chorei…”. Também chorei ao ler o que os dois comentaram. Só pelos textos dos dois já valeu a pena escrever o livro.

Ao longo da sua carreira, você ocupou cargos de destaque em várias empresas. Como você lida com os desafios e pressões da liderança corporativa?

Primeiramente, para enfrentar os desafios é necessário conhecer, razoavelmente, como se encontra a situação econômica do país e setorial e da empresa, para poder avaliar quais os problemas que iremos enfrentar para torná-la mais eficiente ou reestruturá-la.  O problema é que ao chegar à empresa você desconhece o seu ambiente e humor, e a maioria das pessoas não te conhecem.

Há a expectativa, principalmente quando já se é conhecido, de que você traga a receita de sucesso pré-fabricada. Esta situação coloca pressão no “timing” para que os resultados apareçam. Você precisa ganhar a confiança do grupo e, para isso, é necessário saber ouvir a organização com bastante paciência e respeito. A liderança não surge da sua posição no organograma, mas do seu comportamento perante o grupo. Como já comentei, não há receita mágica, mas atitude do líder. Convivemos com a pressão de resultados o tempo todo. Seja humilde, sem mostrar que você é o chefe, mas o condutor e facilitador para conduzir o novo caminho.

A obra aborda temas como liderança, reestruturação de empresas e a importância de cultivar uma boa imagem profissional. Quais são suas principais lições sobre esses temas que você gostaria de compartilhar com os leitores?

Acho que grande parte dessa resposta já está contida na segunda pergunta. As lições básicas para compartilhar com os leitores são simples: ouça os grupos que você vai liderar e não traga a receita pronta, os profissionais da empresa sabem quais são os problemas dela e, na maioria das vezes, falta o condutor para fazer a mudanças necessárias e colocá-la novamente nos trilhos. Lembrem-se que mudanças trazem insegurança, é mais fácil a curto prazo deixar as coisas como estão – o que mata a longo prazo. A única certeza do mundo atual é de mudanças permanentes.

Alguém da IBM nos anos 80 disse que o pior que pode acontecer a uma empresa a longo prazo é o sucesso, que pode acomodar as mudanças necessárias para a sobrevivência. Parece um contrassenso, mas se analisarmos as 500 maiores empresas dos Estados Unidos dos últimos 20 anos, pouquíssimas permanecem nas posições. Sucesso de logo prazo é consequência de constantes ajustes a mudanças dos ambientes econômicos, tecnológicos e competitivos.

A sua liderança não acontece só em função do conhecimento e habilidades aprendidas por você, mas da sua capacidade de fazer o grupo acreditar que eles são os promotores do sucesso da empresa, ou seja, você é o regente, “mas o que faz a melodia são os instrumentos”.

Manoel Horácio (Foto: Divulgação)

No livro, você menciona a importância de criar oportunidades em outros lugares quando necessário. Como você desenvolveu essa habilidade ao longo da sua carreira?

Aprendi isto nos primeiros empregos que exerci como “office boy”, a mais simples função de escritório. Fazia as minhas tarefas e prestava atenção nas outras funções, me colocava à disposição de ajudar os meus colegas em suas funções. Dessa forma, aprendia o que eles faziam. Rapidamente, galguei funções melhores e cresci, ou seja, tornei-me multifuncional e sempre à disposição para assumir maiores responsabilidades.

Fui sempre curioso, olhando as diversas áreas das empresas em que trabalhei, conversando com os meus superiores. Quando percebia não haver mais espaço na empresa em que trabalhava, buscava oportunidades em outras. Mas, é importante mencionar que não ficava estático, apenas esperando ser notado, eu ia atrás.

Você destaca, também, que enfrentou altos e baixos ao longo da sua trajetória. Como superou os momentos difíceis e encontrou equilíbrio na sua vida pessoal e profissional?

Nem sempre o humor dos controladores ou meus chefes foram racionais em relação a minha carreira (bem, isso na minha avaliação subjetiva), como pode acontecer em qualquer organização. Então, aquela promoção ou avaliação esperada não veio. Isto aconteceu pelo menos quatro vezes durante a minha careira. Todos esses motivos de “crise” foram momentos de mudança que me tiraram do conforto e foram transformados em novas oportunidades de crescimento.

Uma poesia que utilizei muito na minha vida e em palestras sobre carreira, do Fernando Sabino, chama-se Certeza: “De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar. Façamos da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro”. Essa é a dinâmica da vida, quando você não interrompe o caminho, alguém te interrompe e há um covo começo.

Como você enxerga a relação entre liderança e a capacidade de adaptação em um mundo em constante mudança?

O líder deve ser visionário, ver no futuro o que a maioria das pessoas não veem. Ter a coragem de provocar e operar as mudanças, transformar os seus sonhos em sonhos dos seus liderados, saber mudar os planos quando provocado pelas mudanças do mundo. Você poderia achar que ele não tem medo, todos temos, mas o líder tem a coragem para correr os riscos da mudança. Como na poesia anterior, subir na escada para ver o mundo mais de cima e construir uma ponte que leve a novos caminhos.

O livro destaca sua fama de reestruturador de empresas. Quais foram os principais desafios que você enfrentou nesse processo e quais estratégias adotou para superá-los?

A necessidade de reestruturação de uma empresa quase sempre acontece por falta de competitividade, estruturas inchadas ou obsolescência de seus produtos, em resumo, por falha da gestão e visão do mercado. É claro que a situação da economia do país pode acelerar o desequilíbrio entre receitas e despesas, levando a empresa a rever o seu modelo econômico. A principal estratégia que desenvolvi foi de ouvir o capital humano existente nas organizações.

Por incrível que pareça, as gerências das diversas áreas da empresa conhecem os problemas que as empurram para a crise, mas falta um líder com coragem para provocar a transformação. A estratégia básica foi sempre a de chamar um por um dos gestores para ouvir os seus diagnósticos e perguntar o que eles fariam para resolver o problema. E o mais engraçado dessas entrevistas é que quase todos acham que as suas áreas são excelentes e que o problema está na gerência vizinha.

Moral da história: a soma das excelências está levando a empresa para a crise, mas o diagnóstico geral está correto. A partir desse conhecimento do grupo fica mais fácil desenvolver o plano de reestruturação, aproveitando tudo que você ouviu. Sempre corri riscos em fazer um “turnover” das gerências que demonstram conhecimento das áreas que criticam. Na maioria das vezes, não foi necessário trazer muitos novos profissionais para oxigenar a organização.

A velocidade das mudanças é extremamente importante para a reestruturação, pois ela traz enorme insegurança para o grupo que permanece na estrutura. Por isso, fazer uma reestruturação homeopática é muito perigoso. Após concluído o processo, deixar bem claro que os que continuam foram os escolhidos para o sucesso do plano, ser bem transparente e consistente no discurso.

Você menciona no livro a importância do networking para sua carreira. Quais dicas você daria para os leitores sobre como construir e cultivar uma rede de contatos profissionais sólida?

É importante o executivo não ficar preso ao seu casulo. Ele tem que sair para os eventos setoriais e principais da economia, para tornar-se visível para o mercado. Sempre que possível, tornar-se ator no seu segmento, participando como palestrante, e não ter medo da imprensa quando requisitado. O grande problema é saber administrar bem o seu tempo, não roubando o espaço necessário para a boa gestão da empresa.

Além da sua carreira a obra também aborda sua luta contra a doença de Parkinson. Como você lida com os desafios trazidos por essa condição e como ela afetou sua visão de vida e trabalho?

Quando você é diagnosticado com doença de Parkinson, leva um bom susto e vem um pouco de depressão, principalmente em relação à progressão da doença. Ela poderá afetar a mobilidade, mas, como sempre fiz muita atividade física, possivelmente a progressão possa ser mais lenta, de acordo com os neurologistas. Você vai perdendo a sintonia fina de alguns movimentos, é difícil de aceitar, mas é a sua realidade.

O que mais me incomoda é o problema da fala com o enrijecimento da musculatura da laringe e pescoço. Este processo leva a ficar mais calado e a ouvir mais, talvez seja mais sábio, rs…rs… Ainda faço quase tudo que sempre fiz de atividades, mas com menos intensidade. Como já parei as atividades como executivo, apenas participo como consultor e conselheiro, não tenho nenhuma frustração ou vergonha em dizer que tenho Parkinson.

Qual mensagem você gostaria de transmitir aos leitores que buscam sucesso profissional e equilíbrio em suas vidas, com base nas suas experiências e aprendizados compartilhados no livro?

Sucesso profissional é resultado de um conjunto de habilidades e dedicação ao trabalho, à vida pessoal e familiar, achando um certo equilíbrio de tempo entre estes três papeis da sua vida. Você pode ter tido um dia estressante, mas, ao voltar para casa, na família, pode encontrar o refúgio para recarregar suas baterias, para a continuação do seu trabalho no dia seguinte.

Sucesso vem com dedicação, persistência nos caminhos que acredita para o resultado de sua carreira. Vem do aprimoramento de suas qualidades técnicas, humanas e de liderança. A melhor definição de como deve ser um líder está numa poesia de Fernando Pessoa: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.”

Se você for íntegro, transparente, colocar o coração em tudo que faz, você vai brilhar. Estas são as características que qualquer pessoa que admira no líder a ser seguido, um líder de sucesso, iluminado, íntegro.

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