Orlando Rodrigues explora crueldade das ações humanas e limites de insanidade em “Profanos: histórias de terror e mistério”

Orlando Rodrigues lança "Profanos: histórias de terror e mistério", livro com oito contos sobre a crueldade das ações humanas e os limites da insanidade

Publicado em 07/06/2023 23:41
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No livro “Profanos: Histórias de Terror e Mistério” escrito por Orlando Rodrigues, um autor goiano especializado em suspense e horror, o verdadeiro terror não reside em seres sobrenaturais como vampiros, lobisomens ou demônios. Pelo contrário, todas as situações perturbadoras e ameaçadoras são provocadas por seres humanos comuns, pessoas que poderiam passar despercebidas em meio à sociedade.

Nessa coletânea de oito contos de suspense psicológico, o autor lança um olhar penetrante sobre o terror presente nos casos mais sombrios do cotidiano, que frequentemente estampam as manchetes dos jornais. Relações abusivas, feminicídio, assassinatos em série e problemas psicológicos são algumas das temáticas abordadas. “Este livro não é apenas uma obra fantasiosa. Ele mergulha em assuntos extremamente reais do nosso dia a dia”, explica Orlando Rodrigues.

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Em “A Casa dos Sete Espelhos”, um homem e uma mulher decidem decorar seu novo apartamento com espelhos inspirados nos ensinamentos dos essênios, uma seita judaica que classificava as relações humanas com base nesses objetos. No entanto, essa decisão coloca em xeque a sanidade dos protagonistas, que gradualmente perdem os limites entre a realidade e a loucura.

Outro conto intrigante é “O Gato”, que narra a história de um homem obcecado pela morte. Após longas pesquisas, ele embarca em experimentos para compreender o processo de morrer em outras criaturas vivas. Essa história tem continuidade em um livro separado, que será o próximo lançamento do autor.

Por meio de narrativas curtas que exploram a subjetividade humana de forma crua, Orlando Rodrigues cativa o público com tramas angustiantes e desfechos imprevisíveis. Inspirado por mestres do horror como Arthur Conan Doyle, Edgar Allan Poe e Stephen King, e também influenciado por séries de sucesso como “American Horror Story” e “Sobrenatural”, o autor expõe a monstruosidade presente no cotidiano que muitos preferem ignorar.

Orlando Rodrigues é um escritor goiano reconhecido por suas obras de terror e suspense, sendo “Profanos: Histórias de Terror e Mistério” sua publicação mais recente. Além deste título, ele possui em seu currículo outras obras notáveis como “Não me Deixe Aqui”, “Terror: Ao Sair, Não Apague a Luz” e “O Fio da Meada: Uma Fronteira entre o Bem e o Mal”. Paralelamente à sua carreira na literatura, Orlando Rodrigues atua no ramo empresarial como administrador com foco em recursos humanos. Ele é mestre em Ciências da Educação, professor e consultor organizacional.

O livro “Profanos: histórias de terror e mistério” aborda o terror presente em situações cotidianas e reais. Qual foi a inspiração por trás dessa abordagem e por que você escolheu explorar o lado obscuro da natureza humana?

A inspiração veio exatamente dos fatos do cotidiano, principalmente os casos de feminicídio, abuso sexual infantil e uma infinidade de crimes bárbaros que ocorrem nos lares de pessoas comuns. Explorar esse lado sombrio e obscuro na verdade é uma denúncia, um grito de pavor relacionado a esses crimes cada vez mais banais.

Em “A Casa dos Sete Espelhos”, os protagonistas perdem o limite entre sanidade e loucura ao decorarem seu apartamento com espelhos inspirados nos essênios. Como você construiu essa narrativa e como ela reflete a fragilidade da mente humana?

A narrativa se baseou principalmente na forma como as pessoas são influenciadas por apelos midiáticos, crenças ou crendices, ao ponto de perderem a própria razão. Os protagonistas, mesmo o mais cético (o marido), se deixaram levar por ideias preconcebidas sobre mitos e crenças, fazendo brotar em seu subconsciente ideias malignas que se internalizaram em suas mentes. É possível observar isso no cotidiano de muitas pessoas da vida real.

“O Gato” apresenta um homem obcecado pela morte, que realiza procedimentos para entender o processo de morrer em outros seres vivos. Pode nos contar mais sobre a inspiração por trás dessa história e como ela se conecta com o próximo livro que você está preparando?

A morte é, de certa forma, algo apavorante para todos nós, mesmo sabendo que ela é inevitável. Darwin tem em seu contexto de vinda uma série de traumas desde infância e um ódio reprimido. A inspiração é baseada em um episódio de minha vida, quando ainda criança, nos primeiros anos de minha vida escolar, lendo um livro didático, tive a primeira noção da morte, e isso de certa forma me apavorou. A cena do gatinho sendo assassinado é baseada em um fato real, onde, ainda criança, sacrifiquei um filhote de gato recém-nascido que estava doente e eu não queria vê-lo sofrer. Amo gatos, tenho duas gatinhas lindas em casa. Talvez tenha sido uma forma de me redimir do ato cruel que cometi em minha infante inocência. O conto “O gato” parecia me pedir uma continuação, eu sentia a necessidade de narrar a versão dos fatos por Death, o gato fantasma, e Alice, a babá e amante de Darwin.

Orlando Rodrigues (Foto: Divulgação)

Seus contos exploram a subjetividade humana de forma crua, levando o público a narrativas angustiantes com finais imprevisíveis. Como você trabalha a construção dessas histórias para envolver e surpreender os leitores?

Penso que escrever sobre suspense, terror e mistério devemos mexer com o sentimento das pessoas de um modo incomodativo e de certa forma angustiante, para que o leitor se interesse em saber qual será o final da narrativa. Escrever contos de terror é sempre um grande desafio. Às vezes, quando escrevo, eu mesmo me sinto angustiado. Espero que os leitores sintam a mesma sensação. 

Quais foram as principais influências literárias e culturais que moldaram seu estilo de escrita? Como essas referências se manifestam em seus contos de terror e mistério?

Minhas referências vêm dos clássicos de terror do cinema e da literatura, desde Alfred Hitchcock no cinema, Edgar Allan Poe e Stephen King na literatura. Me conduzo na escrita baseando nos estilos desses grandes mestres.

Além de sua carreira na literatura, você também atua no ramo empresarial e possui uma formação em recursos humanos. Como você concilia essas duas áreas e de que forma sua experiência profissional influencia sua escrita?

Trabalhei muitos anos como bancário, sendo 27 anos na Caixa Econômica Federal e, depois, passei a atuar com consultoria, além da docência. A pandemia foi um grande divisor de águas em minha vida, onde parei com todas as atividades profissionais para me dedicar somente à escrita. Mesmo assim, eventualmente ainda atuo no modo empresarial. Já a escrita vem desde os meus tempos de infância. A atividade profissional me ajudou em livros técnicos que escrevi sobre gestão e artigos sobre coaching e liderança. Mas escrever ficção é que faz os meus olhos brilharem.

Como você espera que os leitores reajam ao ler “Profanos: histórias de terror e mistério”? Qual mensagem você gostaria de transmitir por meio dessas histórias?

A minha expectativa é que os leitores se sintam incomodados com a banalidade dos crimes reais do cotidiano, tão banalizados em nossa sociedade. Mostrar isso através de textos de ficção é uma maneira não muito explícita (acho eu) de dizer basta de violência, basta de feminicídio, basta de pedofilia. Eu sempre digo que o terror da ficção é fantasioso. O terror da vida real é que é assombroso.

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