Precisamos Desrotular os Paradigmas Impostos pela Sociedade em Relação à Concepção de Filhos, diz Educadora Parental Taline Schneider;

No mundo contemporâneo, a dinâmica familiar e as estruturas sociais precisam se desrotular, sair do “padrão” dos comerciais de margarina. As exigências do século XXI pedem novas abordagens para a vida familiar e parental. Nesse contexto, surgem alternativas como a coparentalidade responsável e planejada, que reconfiguram a maneira como entendemos a família e a criação de filhos.

Uma das figuras que aborda a parentalidade contemporânea no Brasil é Taline Schneider. Mãe de Otto, jornalista, empreendedora social e educadora parental. “Sempre tive a vontade de ser mãe, acima de tudo, de criar meu filho de forma colaborativa e com apoio mútuo, mas não queria me casar nem realizar uma produção independente. Foi assim que trouxe a discussão ao Brasil, sendo inspiração para tramas de duas novelas da Rede Globo (Além do Tempo e Totalmente Demais), bem como pauta do Fantástico e Fátima Bernardes, dos canais Futura e GNT, dos portais G1, CNN Brasil e BBC News, e das revistas Super Interessante, Marie Claire, Cláudia e Crescer. Em 2022, realizei meu sonho dando à luz ao Otto, meu amor maior”, relembra ela.

A coparentalidade responsável e planejada representa uma mudança nas configurações familiares. Este novo molde surge da vontade consciente de indivíduos de estabelecerem laços parentais sem necessariamente compartilharem um vínculo romântico. “Nosso foco é o bem-estar e a criação saudável dos filhos”, destaca Taline. Existem ainda novos arranjos familiares como monoparentais, recompostas e homoafetivas. A educadora parental explica como são esses formatos: “Famílias monoparentais são aquelas onde apenas um dos pais assume a responsabilidade de criar os filhos. Famílias recompostas são formadas por pais divorciados ou viúvos que se casam novamente, trazendo filhos de relacionamentos anteriores. Podemos criar nossos filhos em laços de amor, permitindo que o foco seja na criança; esse é o principal fator de gerar e criar um filho no mundo”, conta a jornalista.

Foi pensando nisso que ela desenvolveu o Projeto Pais Amigos para divulgar a coparentalidade responsável e planejada no Brasil. A rede social conecta pessoas com interesses semelhantes, permitindo que potenciais pais e mães se encontrem e compartilhem informações. “Queremos criar uma comunidade de apoio onde as pessoas possam encontrar parceiros coparentais compatíveis e compartilhar experiências e conhecimentos. E também oferecer rede de apoio para planejamento familiar e educação parental por meio de suporte educacional, psicológico e jurídico durante todo o processo de busca do parceiro, concepção, gestação, parto, puerpério e criação dos filhos, ”, contextualiza ela. Atualmente, existe uma versão experimental de aplicativo (www.paisamigos.com) e um grupo de discussão e apresentações no Telegram em parceria com o Projeto Co-Parents World.

Sobre as mudanças nas estruturas familiares, Taline observa: “Desde o advento do divórcio, no final da década de 1970, as estatísticas familiares têm demonstrado uma crescente transformação em diversas áreas. A porcentagem de divórcios em relação aos casamentos aumentou bastante, sendo que um terço dos casamentos acabam sendo desfeitos, enquanto a produção independente, especialmente entre mulheres, tem se tornado mais comum, tendo aumentado mais de 300% na última década. O número de pessoas LGBTQIAP+ declaradas extraoficialmente também aumentou, estima-se que podem chegar a 20% da população brasileira (cerca de 40 milhões de pessoas), refletindo uma maior aceitação e visibilidade dessa comunidade. Além disso, o número de mães solo (11,5 milhões) e de pessoas sem pai no registro (5,5 milhões) continua a ser uma preocupação no Brasil, destacando a importância de alternativas como a coparentalidade responsável e planejada, que chega para revolucionar o conceito de família e ser mais uma opção para quem não se enquadra no formato tradicional ou até mesmo nos alternativos já existentes.”

Taline, é conhecida como “cupido da concepção” pelos membros do grupo, defende com paixão o assunto. “A coparentalidade se diferencia de práticas como barriga de aluguel e doação de esperma porque é uma cooperação mútua para criar um filho, com foco no melhor interesse da criança”, diz ela.

Ela também destaca os benefícios psicológicos e sociais: “Compartilhar responsabilidades reduz o estresse e promove um ambiente mais saudável para todos.” Imagine um mundo onde as pessoas que querem ser pais e mães não precisam se casar para realizar este sonho e ainda podem contar com um parceiro nesta incrível jornada. Por meio de uma rede social, usuários já podem se conhecer e planejar juntos e com responsabilidade uma coparentalidade, que é quando duas ou mais pessoas se unem para criar um filho juntos como Pais Amigos. Já são centenas de bebês nascidos por meio do projeto.
Ainda não há legislação específica para a coparentalidade no Brasil. No entanto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) oferece proteção legal abrangente. Taline recomenda: “Busquem orientação jurídica antes da concepção para garantir acordos claros e justos por meio de um contrato de geração de filhos.”
Taline Schneider também aponta os desafios e oportunidades da coparentalidade responsável e planejada: “Estamos quebrando paradigmas e desafiando as normas tradicionais, mas também estamos criando um caminho para famílias mais inclusivas e diversificadas.”

O projeto de Taline “Pais Amigos – Construindo Famílias, Desconstruindo Preconceitos” está concorrendo na final do ICL Tank, promovido pelo Instituto Conhecimento Liberta e o economista Eduardo Moreira. Serão selecionadas ideias que gerem impacto positivo no país. “Participar deste concurso é uma grande oportunidade para ampliar nossa visão e impacto social”, conclui ela.

Você pode votar em Pais Amigos uma vez por dia até 07/06 aqui.

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