“Homem pode gostar de homem ou de mulher, e o contrário também”, afirma Márcio Garcia

Publicado em 07/09/2018 19:06
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Texto/Entrevista: Leandro Lel Lima.

Apresentador da Globo, Márcio Garcia tem uma família grande ao lado da nutricionista Andrea Santa Rosa, ao todo são quatro filhos: Pedro, de 14 anos; Nina, de 13; Felipe, de 9 e João, de 4.

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Em entrevista ao Observatório dos Famosos, Márcio falou sobre a sua rotina ao lado dos herdeiros. O apresentador faz questão de conversar com os pequenos sobre temas tabus para a sociedade, entre eles, sexualidade e desigualdade social.

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“Converso sobre esse assunto com os meus filhos. Não tem essa de preconceito. Homem pode gostar de homem ou de mulher, e o contrário também e acabou o assunto”, afirmou. Um dos filhos do ator desenvolve um trabalho social em uma comunidade carioca, “Pé de Apoio”. O garoto distribui chuteiras para os moradores da região vizinha onde fica a escola em que estuda. Confira o bate-papo:

Sua família é considerada uma ‘família de comercial de margarina’. É assim que você se vê?

“Comercial de margarina, não. Porque a Andrea (esposa) não aprova, só se for de tofu”. (risos)

Relação com os amigos depois da chegada dos filhos

“Ouço alguns amigos dizendo que eu sumi da praia, realmente sumi de muitos lugares, mas não sinto a menor falta. Hoje abro mão para estar com meus filhos. Aliás, abro mão de muito mais coisas pra estar com eles, mas sem sacrifício. Não acho que você tenha que abrir mão, talvez tenha que se organizar pra ir menos, mas continuar indo. Existem pessoas que não abrem mão do dia dos amigos, pra tomar uma cerveja. Eu não bebo, então, chamo os amigos pra casa, mas não sinto falta, porque o importante é estar feliz!”.

Ciúmes entre os filhos

“Não existe ciúmes entre eles. A minha filha (Nina) nasceu no mesmo dia que eu de parto normal, ela é ariana de 17 de abril. Eu tenho uma ligação muito forte com ela, por conta disso, mas não vejo ninguém mais grudado com ninguém. O que eu percebo é que o caçula (João) tem uma mania de chamar de ‘gente’ ‘pessoal’, porque ele vive num bando. Outro dia estávamos apenas eu e ele, ele ficou ‘gente’, expliquei que não, porque só havíamos nós dois. É uma gangue. Eu nunca percebi ciúmes, nunca peguei ou senti o João enciumado, nem ninguém. Eu adoro viajar com os meus filhos. Férias com eles existem desde sempre, mas já viajamos apenas eu e a Andrea umas duas vezes, e contando pra voltar, mas eu e a Andreia temos o nosso momento também. Entre nove e dez da manhã”. (risos)

O que pretende deixar de lição para os seus filhos?

“O pilar essencial é o caráter, porque desvio de conduta eles vão ter sempre na vida, desde a rodinha de amigos, como na vida adulta. Sempre vai existir a oportunidade de ser desonesto, e cabe a eles escolherem ou não.  Eu digo que não existe felicidade sem caridade. O cara que é muito egoísta ajuda o outro, se ele só quer o bem dele, ele tem que ajudar porque se não, não volta. Se você só quer o seu bem, ajude os outros”.

Aprendendo com os filhos

“O meu filho criou um movimento que se chama ‘Pé de Apoio’ que é incrível e se tornou grande. Ele joga futebol e a escola americana fica praticamente dentro da Rocinha. Ele estava ao lado de um menino que estava com os pés machucados, e ele perguntou pro garoto o que havia acontecido, ele comentou que estava usando uma chuteira três vezes menor. O moleque calçava 40 e a chuteira era 37. O meu filho pegou a chuteira nova dele, e deu pro menino”.

“A minha primeira reação foi ‘você é louco, deu sua chuteira novinha’, mas depois eu pensei melhor, ‘nossa o que estou falando’, ele fez o bem. Ele começou a recolher todas as chuteiras das crianças da escola pra dar pra garotada da Rocinha. Hoje existe esse movimento de doação de sapatos, chuteiras, sapatilhas de balé. Virou um movimento para o Vidigal, Rocinha, cresceu muito. Outro dia o Felipe chegou em casa reclamando de uma injustiça na escola. Nós ouvimos a história e realmente era uma situação de injustiça, eu comentei: ‘Filho, a vida é assim, vai lá e se vira’”.   

Injustiças da vida

“Claro que deu vontade de ir até o colégio e falar com o reitor que era um absurdo. Eu falei pra ele ‘A vida nem sempre é justa, e nem a justiça é justa. Eu entendo, mas você precisa saber como é a vida. Vai lá na porta do seu coordenador e fala que não é justo, mas eu entrar na história, não vai dar certo’”. 

Em algum momento você já conversou com seus filhos sobre orientação sexual?

“Eu entendo que exista muitas pessoas que são contra, porque as mais tradicionais, conversadoras não querem que os filhos sejam educados num sistema onde diga que pode haver liberdade sexual. Falo muito com os meus filhos. Essa forma das coisas serem vistas não é para o heterossexual, porque ele não sofre bullying do pai, do irmão ou do filho, mas o homossexual é que sofre”.

“Não cabe a mim, que sou heterossexual, dizer se é bom ou ruim, porque estou na minha zona de conforto. Então, se é bom pra quem sofre, que é homossexual, é justo. Converso sobre esse assunto com os meus filhos. Outro dia o Felipe estava ouvindo uma conversa e disse ‘Vocês estão falando sobre gay, eu sei o que é, homem que gosta de homem, igual a mamãe que não gosta de camarão’”. 

“Não tem mais essa de preconceito. Homem pode gostar de homem ou de mulher, e o contrário também e acabou o assunto. Porque entrarmos nesse mérito de discussão, se eu acho bom ou ruim, não cabe a mim. Estou na minha zona de conforto. Esse problema, quem sofre esse desconforto é o homossexual que sofre recriminação do pai, do irmão, do vizinho, do colega da escola, do professor”.

 

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